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Notícias e entrevistas sobre futebol, tênis, vôlei, Fórmula 1... Espaço aberto para a cobertura exclusiva dos grandes torneios franceses e europeus. Destaque para a atuação dos atletas brasileiros na Europa.

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Paris, France

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Insultos contra Vini Jr.: quais medidas são eficazes para combater o racismo no futebol?

5/25/2023
Os insultos racistas contra o atacante do Real Madrid Vinicius Júnior, no último domingo (21), chocaram o mundo inteiro e trouxeram à tona, mais uma vez, a gravidade do preconceito racial no futebol. Pressionados pelo falta de reação, dirigentes esportivos têm o desafio de trazer soluções para esse problema, estrutural nas sociedades ocidentais, e que se tornou inerente ao futebol. A RFI consultou especialistas sobre a questão. Daniella Franco, da RFI "Macaco", "puto negro", "cachorro", "burro": Vini Jr. ouve esse tipo de ofensa desde outubro 2021, quando foi registrado o primeiro episódio racismo contra o atacante brasileiro, um ano após chegar ao clube merengue. As agressões se intensificaram nos últimos meses: em 26 de janeiro, um boneco representando o jogador foi pendurado pelo pescoço, simulando um enforcamento, em uma ponte de Madri. Nesta quinta-feira (25), um tribunal espanhol anunciou que quatro torcedores acusados de crime contra a integridade moral e crime de ódio, detidos para interrogatório no início desta semana, foram responsabilizados pelo ato. Sob liberdade condicional, eles estão proibidos de se aproximar a menos de um quilômetro de qualquer estádio de futebol na Espanha em dia de jogo. Com a forte repercussão dos protestos de Vini Jr., que intimou os dirigentes esportivos a tomarem uma atitude diante da intensificação das agressões, a imprensa europeia e brasileira, além de esportistas e políticos, reforçaram o coro. Na quarta-feira (24) o atacante foi homenageado durante o encontro entre o Real Madrid e o Rayo Vallecano, no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, pela 36rodada do Campeonato Espanhol. Antes do início da partida, os jogadores dos dois times exibiram uma faixa com a frase "Racistas, fora do futebol". Toda a equipe do time merengue entrou em campo com a camisa número 20, estampada com o nome Vini Jr.. No vigésimo minuto do jogo, os torcedores também cantaram em apoio ao brasileiro. A Federação Espanhola de Futebol decidiu fechar uma seção do estádio do Valência por cinco partidas. O clube também deverá pagar uma multa de € 45 mil. Na quarta-feira, a ONU condenou os ataques racistas contra Vini e anunciou a preparação de um relatório sobre o racismo no esporte. Já a Liga disse que não tem poder de sanção, mas garante ter transmitido à Justiça oito denúncias de ataques contra o brasileiro. Medidas eficazes contra o racismo no futebol Em entrevista à RFI, especialistas expressaram seu ceticismo sobre medidas já aplicadas contra o racismo, a maioria delas sem representar nenhuma mudança expressiva. O cientista social e pesquisador do Museu do Futebol, Marcel Diego Tonini, não acredita que multas, banimentos e perdas de mando de campo, por exemplo, poderão trazer resultados concretos. "Alguns torcedores já foram banidos nas mais diversas ligas no mundo, mas isso não tem efeito prático nenhum porque essas torcidas têm outras dezenas, centenas, milhares de torcedores que pensam e agem igual", observa o especialista. Marcel tem outras sugestões, que começam pela admissão do problema e um melhor acolhimento das vítimas. "É preciso primeiro reconhecer a existência do fenômeno, o que não acontece. Depois, é necessário apoiar esses atletas, dar outras oportunidades a essas pessoas dentro da estrutura do futebol, para que eles cheguem a funções de treinadores, de jornalistas, de árbitros, de gestores e dirigentes. Porque ocupando esses lugares elas vão trazer novas formas de enxergar esse problema. Senão vai continuar sendo um bando de brancos, endinheirados, homens, cis tomando decisões por pessoas negras", diz. O cientista social também defende medidas educativas a esportistas brancos e agressores. "A gente precisa de medidas que não sejam apenas punitivas. Deve existir um trabalho de formação de base desses atletas para eles saberem lidar com isso e pra educar sobretudo aqueles que não são negros. A gente pode adotar um tipo de medida em que esses agressores identificados façam parte de ações...

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Participação de atletas trans em competições gera polêmica entre federações esportivas na França

5/21/2023
No último 17 de maio foi celebrado o Dia Internacional contra a Homofobia e a Transfobia, uma data de luta contra a discriminação, mas que para o esporte tem sido sinônimo de polêmica. No dia 23 de março deste ano, o presidente da Federação Internacional de Atletismo, Sebastien Coe, anunciou a exclusão das mulheres trans das competições internacionais, afirmando que a participação de atletas transgênero fragiliza o esporte feminino. Antes, a World Athletics exigia um acompanhamento biológico das atletas para saber como o nível de testosterona se mantinha ao longo do ano. Mas a regra mudou e a instituição passou a proibir a participação nas competições de mulheres transexuais que tenham passado pela puberdade masculina. A decisão é provisória e pode ser ajustada pela WA em um ano, mas o anúncio repercutiu de forma negativa e colocou nos holofotes a única atleta trans em nível nacional da França. Aos 21 anos, a velocista Halba Diouf, é uma das atletas francesas mais promissoras nos 60 e nos 200 metros, e acabou se tornando porta-voz da causa. Negra, muçulmana e trans, ela não entende a decisão da federação e quer ser ouvida, disse em entrevista à rádio France Culture. "Eles excluem pessoas que já estão excluídas da vida em geral. É implacável. Não podemos ser banidas assim. Não somos animais de feira. Então, eu tenho que falar, tenho que mostrar que as mulheres transexuais estão aqui, que nós somos fortes, que nós somos inteligentes. É preciso lidar com isso", afirmou. A ministra francesa dos Esportes e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Amélie Oudéa-Castéra, falou recentemente sobre o assunto e reconheceu as dificuldades que envolvem o tema. Mesmo assim, ela reforçou, em conversa com a rádio France Info, que é preciso lutar pela inclusão das pessoas trans. "É uma questão difícil, que é complexa, que é objeto de regulamentos que evoluem e que são diferentes de uma federação para outra. Ainda assim é preciso liderar essa luta pela inclusão. Quero que as pessoas trans se sintam bem em praticar um esporte, sejam amadores ou profissionais”, disse a ministra. As "vantagens" masculinas Uma das maiores polêmicas quanto à participação de atletas transgênero em competições diz respeito às possíveis vantagens físicas dos homens com relação às mulheres, o que faria com que as esportistas trans saíssem sempre na frente. No imaginário popular, as mulheres trans, que viveram uma puberdade masculina, manteriam capacidades superiores às cisgênero, já que os homens apresentam normalmente uma massa muscular mais importante e uma capacidade pulmonar maior, entre outras vantagens. Entretanto, estudos sobre o tema mostram que as mulheres trans perdem esses "benefícios" ao fazer a chamada transição, que consiste em um severo tratamento hormonal. Halba Diouf conta que precisou parar todos os treinamentos em 2020 quando passou por esse momento. “No primeiro ano, a transição te derruba. Eu comecei com os bloqueadores de testosterona, de estrogênio, da progesterona. Atualmente eu parei com os bloqueadores de testosterona, porque eu não tenho mais o hormônio, mas isso me derrubou porque eu não conseguia mais treinar quatro vezes por semana, era impossível. Tudo isso combinado com as minhas duas faculdades… Eu não dormia quase durante a noite, mas agora eu consigo controlar", explica. "Na verdade, você precisa negociar com o fato de performar e de fazer um tratamento hormonal que vai diminuir a sua capacidade esportiva. Não é evidente e é preciso encontrar um equilíbrio. É preciso trabalhar três vezes mais”, diz a atleta francesa. FFA cria comissão para tratar o tema Apesar da decisão da Federação Internacional, a FFA, Federação Francesa de Atletismo, criou recentemente uma comissão específica para tratar da questão dos atletas transgênero e deve autorizar Halba Diouf a competir em nível departamental. Esse olhar mais específico da FFA deve ser um alívio para quem sempre teve que lutar para ser aceito e para compreender sua própria...

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Jogador brasileiro vira celebridade na China ensinando o “futebol feliz”

5/14/2023
O gaúcho Mateus Martins vive na China há mais de 15 anos e aos poucos se tornou uma celebridade na região de Guangdong, ao norte de Hong Kong. Aproveitando a paixão pelo futebol do presidente chinês, Xi Jinping, que impôs a modalidade nas escolas do país desde que chegou ao poder, o brasileiro adotou um método de ensino do esporte que já formou algumas das estrelas do gramado. Silvano Mendes, enviado especial da RFI a Guangzhou (China) Em um clima de festa com ares patrióticos, centenas de crianças se reúnem em fila indiana, balançando bandeiras no gramado de uma escola de Guangzhou, capital da província chinesa de Guangdong (Cantão). Apesar da chuva fina e do dia cinzento, cada grupo, que representa um estabelecimento de ensino da região, faz sua coreografia diante de uma mesa de personalidades, misturando movimentos acrobáticos, artes marciais e passes de bola. Como tudo na China, um simples evento escolar logo se torna uma superprodução. A bandeira chinesa é hasteada com pompa de festa nacional, as equipes da televisão local filmam tudo e até drones são usados para não perder nenhum lance, principalmente a performance da estrela do programa: o brasileiro Mateus Martins. Dono de uma escolinha de futebol e bastante presente na mídia local, o gaúcho fala chinês fluentemente e brinca com todos por onde passa. “Sou conhecido praticamente como um chinês pelos quase 16 anos que vivo aqui”, lança o gaúcho. “Meu nome em chinês é Martinsê e a gente trabalha com a associação de futebol do Estado, junto com outros clubes de futebol, em parcerias com escolas, passando um pouco da alegria do nosso futebol brasileiro. Passando um pouco dos nossos segredos e de como o esporte, sem muita pressão, pode ser um instrumento de motivação que pode mudar a vida das pessoas.” No evento de Guangzhou, Mateus faz embaixadinhas ao som de Shakira, chama as crianças para participar no palco, e cria um verdadeiro clima de festa. Os pequenos chineses deliram quando o brasileiro vai até o gramado, brinca com a bola e é logo cercado pelas centenas de meninos e meninas. No final, o gaúcho, que também atuou como comentador esportivo na televisão local durante a Copa do Mundo do Catar, distribui autógrafos, confirmando a sua popularidade. Segunda chance na carreira Ao contrário de muitos jogadores que fizeram carreira no exterior, Mateus chegou na China sem pretensões de atuar nos gramados. Quando se mudou para a Ásia para viver com o irmão, que já morava em Dongguan, uma das cidades com o maior número de brasileiros na China, ele estava deixando a carreira discreta de jogador que havia começado no Brasil, quando passou principalmente por times regionais de futebol e futsal. A ideia com a mudança de país era trabalhar na indústria calçadista, assim como muitos dos compatriotas que viviam na época na região. Mas logo a paixão pelo futebol falou mais alto e ele começou a jogar em times locais. Em pouco tempo o estilo do brasileiro conquistou os chineses e ele abriu sua própria escola, aproveitando um evento político que, indiretamente, mudou sua vida: a chegada de Xi Jinping ao poder, em 2013. O presidente nunca escondeu ser fanático por futebol e, partir de 2015, tornou a modalidade obrigatória nas escolas do país. “Foi um divisor de águas”, resume Mateus. Segundo ele, até então o esporte era visto como muito violento para ser praticado por crianças. “Eles diziam que preferiam colocar uma rede no meio da quadra e deixar os alunos jogando peteca para que ninguém se machucasse”, relembra. “Houve uma quebra desse paradigma”, diz o gaúcho, que começou a ser contactado por escolas para implementar um método de ensino. Mas o segredo do sucesso de Mateus é a maneira como ele ensina o futebol, visto antes de mais nada como uma forma de lazer, em um país onde a produtividade e a exigência são a regra. “O sistema chinês é muito rígido e ensina as crianças com muita disciplina, com muita pressão. E eu quis trazer uma maneira diferente de passar essa didática,...

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Mundial de Judô começa no Catar com 17 atletas brasileiros e vale pontos para JO de Paris

5/7/2023
Começa neste domingo (7), em Doha no Catar, a 62ª edição do Mundial de Judô. Dezessete judocas brasileiros participam da competição, que vale pontos no ranking para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Serão oito mulheres e nove homens, representando o Brasil, até 14 de maio, em uma das principais provas do ano. Os atletas brasileiros treinaram no dojô de Sainte-Geneviève-des-Bois, nos arredores de Paris, na França, para reduzir a diferença de fuso horário, antes de viajar para Doha. Com a colaboração especial de Jonas Duris Neste campeonato, cerca de 600 atletas de uma centena de países estarão competindo pelos 15 títulos em jogo: sete para mulheres, sete para homens e um para equipes mistas. A delegação do Brasil é composta por judocas experientes, como Rafaela Silva, que ganhou o ouro na categoria até 57 kg na Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, e Rafael Silva “Baby”, que tem duas medalhas de bronze na categoria acima de 100 kg, uma nos jogos de Londres e outra no Rio. Também fazem parte do grupo judocas com menos experiência, como Gabriela Mantena, de 22 anos, que disputa seu primeiro Mundial de Judô pela categoria até 63 kg. Apesar de competir na categoria contra grandes nomes como a francesa Clarisse Agbegnenou, a atleta se mostra confiante antes da estreia. "Esse ano, eu lutei com muitas adversárias que estão no top 10, e consegui ganhar de algumas delas que estão ali, então as primeiras do mundo. A gente sabe que é uma responsabilidade muito grande, que não é fácil. Mas, como diz o ditado, eu tenho duas pernas e dois braços que nem elas”, afirmou a judoca. Brasil confiante No Mundial de 2022, no Uzbequistão, o Brasil teve uma bela participação, terminando em segundo depois do Japão, com títulos de Rafaela Silva e Ayra Aguiar. Neste ano, mesmo sem a participação de Ayra, que priorizou outras competições, e da lesão de Daniel Cargnin, o grupo se sente bem. Baby se mostra confiante para o Mundial de Doha. “Acho que vai ser uma boa campanha. Pensando na modalidade equipe, que acontece no dia seguinte das disputas do individual, eu acho que o Brasil tem chance de chegar no pódio também; está com uma equipe bem misturada, com atletas experientes e atletas mais novos fazendo boas colocações nas competições deste ano.” O atleta, que luta na categoria dos mais de 100 kg, tem bastante experiência em mundiais. Ele ganhou uma medalha de prata em 2012, e duas de bronze, em 2014 e 2017. Seis anos depois, o grande objetivo dele é “voltar ao pódio”. O judô é o esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil. São 22, sendo quatro de ouro, três de prata e quinze de bronze. A primeira medalha olímpica de judô do Brasil foi de bronze nos Jogos de Munique em 1972. Quem ganhou foi o japonês naturalizado brasileiro Chiaki Ishii. A primeira medalha de ouro veio na Olimpíada de Seul em 1988, com a vitória de Aurélio Miguel. Já a preparação em Sainte-Geneviève-des-Bois, nos arredores de Paris, ajudou os atletas que competirão no país em julho de 2024. “O dojô aqui, que é o lugar onde se treina, recebe a gente há vários anos. Temos um intercâmbio legal e ajuda bastante a deixar o treino mais forte para fazer a preparação final", disse Rafael Silva. JO de Paris O torneio mundial é a competição que mais vale pontos para o ranking no período de classificação para os Jogos de Paris 2024: 2.000 para o vencedor. Isso está na cabeça dos atletas antes de entrar na competição, que vai ser uma preparação física e mental para os Jogos Olímpicos que começam em julho do ano que vem. Gabriela Mantena vai disputar sua primeira Olimpíada em Paris. “Acho que todo mundo que está lutando nas competições internacionais tem esse foco de ir para a Olimpíada no ano que vem. Com certeza é o meu objetivo e estou lutando para isso, para conseguir os pontos para a classificação”, afirmou a atleta. O experiente Rafael Silva “Baby” participará de outras competições em sua preparação para Paris 2024. “O Mundial está sendo em maio, depois a gente...

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Falta de oportunidades no Brasil expõe jovens a 'armadilhas' no futebol europeu

5/1/2023
Ronaldinho, Neymar, Vinícius Jr., esses jogadores de futebol são apenas alguns de um imenso grupo de brasileiros que se mudaram para a Europa para brilhar no exterior. Mas a história desses craques é apenas a ponta do iceberg de um movimento muito maior, como muitos jovens que, por falta de oportunidades no Brasil, se aventuram foram do país, mesmo sem conhecer a realidade dos times locais. Com informações de Marco Martins et a colaboração especial de Jonas Duris A época em que o Santos do rei Pelé ganhava contra qualquer time do mundo é coisa do passado. Hoje, o futebol brasileiro não atrai tanto os jogadores como antes. “Digamos que há 20 anos, talvez o grande objetivo de um atleta, nas categorias de base, era um dia atuar em um grande clube brasileiro como Flamengo, o Corinthians. Hoje não!”, resume Eduardo Dutra, advogado especializado em Direito Desportivo. Segundo Dutra, que já trabalhou como empresário e supervisor das categorias de base do América Mineiro, atualmente “atuar em um desses clubes (brasileiros) seria apenas um estágio para chegar ao futebol europeu. Com certeza a Europa para esses atletas é o grande objetivo profissional.” O futebol, que continua sendo o esporte mais popular no Brasil, ainda faz sonhar parte da juventude. Mas, para uma parcela da população, as razões dessa paixão são principalmente econômicas. “O Brasil é um país que possui muita desigualdade social, então, muitas vezes, o futebol é a única saída para crianças e adolescentes que vivem numa situação econômica complicadíssima. É a única forma de ascensão social”, analisa Eduardo Dutra, lembrando que “muitas vezes essas pessoas não têm acesso a estudos ou qualificação profissional". Foi essa busca por melhores condições de vida que levou a família Ruck a se mudar para Europa. “A gente veio aqui porque estava difícil no Brasil. E viemos para Portugal porque era a mesma língua. Eu vim para trabalhar, para dar uma vida melhor, segurança, educação. Era aquela vida, na verdade, do brasileiro em geral: trabalhando, trabalhando, trabalhando para poder comer, pagar as contas. Não sobrava nada”, conta Alessandro Ruck. Em Portugal, seu filho Guilherme começou a jogar futebol e foi descoberto por um olheiro. A família se mudou em seguida para a Espanha, onde hoje o jovem atua no time sub-15 de base do Real Valladolid. “A realidade que a gente tem hoje é completamente diferente da do Brasil", garante Alessandro Ruck. A realidade das categorias de base no Brasil No entanto, ter a prática profissional como única saída faz com que aqueles que conseguem entrar nas categorias de base apostem tudo no futebol, deixando aspectos como a educação em segundo plano. Além disso, nem sempre os clubes investem na formação dos jovens atletas, o que é visto por alguns especialistas como um risco. Eduardo Dutra alerta para essa situação e critica a visão dos times em relação aos jovens. “É extremamente necessário que os clubes deem maior atenção à formação não só do atleta, mas sim à formação do ser humano, porque o atleta passa por um processo de coisificação, digamos assim. Nas categorias de base do clube, ele é visto como um patrimônio, como um ativo que talvez, no futuro, pode gerar um retorno técnico e financeiro. Mas não é visto, na maioria das vezes, como ser humano, como cidadão em formação”, alerta o advogado especializado em Direito Desportivo. “São crianças e adolescentes que, com 14, 15 anos, ainda com sua personalidade em formação, ficam sem uma referência familiar, ficam sem um auxílio psicológico de um profissional. Simplesmente vivendo o futebol 24 horas por dia. E uma pequena porcentagem consegue chegar ao futebol profissional. A grande maioria, mais de 90% dos atletas, ficam pelo caminho. Então chegam aos 19, 20 anos, não se profissionalizam e não tiveram uma formação educacional”, denuncia. Esse é o caso de Guilherme Ruck, que tem uma agenda bem pesada. “É bem complicado, porque eu volto da escola, tenho que fazer meus deveres de casa ou...

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Sensação da Copa 2022 e sonho com 2030: conheça o projeto de futebol do Marrocos

4/23/2023
A quarta colocação na Copa do Mundo de 2022, melhor desempenho de uma equipe africana e árabe na história de um Mundial, não foi por acaso. A seleção do Marrocos foi a sensação da última Copa por causa de um trabalho iniciado há mais de duas décadas. E o excelente resultado no Catar não deve ser um fato isolado, já que a equipe tem muitos jogadores jovens, um projeto consistente e está de olho no futuro. Tiago Leme, correspondente da RFI em Tânger No primeiro jogo após a Copa, os marroquinos mostraram força novamente e venceram o Brasil por 2 a 1 no fim de março, em um amistoso na cidade marroquina de Tânger, com grande festa da torcida local. O principal trunfo deste sucesso do futebol do Marrocos é a Academia Mohammed VI, um moderno centro de treinamento da Federação Real Marroquina de Futebol (FRMF), que fica nos arredores da capital Rabat. O local começou a ser desenvolvido em 2008, teve um investimento de mais de € 13 milhões (cerca de R$ 70 milhões), ocupa uma área de 18 km², com oito campos, escola, espaço médico e tem profissionais de experiência internacional. O trabalho é feito com milhares de crianças e adolescentes de diversas cidades, inclusive com centros menores em outras localidades do país, para selecionar talentos até que eles possam chegar a clubes na categoria profissional. E a academia já rendeu resultados importantes, com jovens formados lá que foram titulares na Copa do Catar, como o meia Ounahi, de 22 anos, hoje no Olympique de Marselha, o atacante En-Nesyri, de 25 anos, do Sevilla, e o zagueiro Aguerd, de 27 anos, do West Ham, além do goleiro reserva Tagnaouti. “Esse é um trabalho que começou há muito tempo, e hoje temos os frutos do que fez o Rei Mohammed VI. Ele que instaurou uma política esportiva com as pessoas da federação, criou o Complexo Mohammed VI, que é muito importante, um complexo que está entre os mais prestigiados do continente. Então, ele contribuiu com a formação de muitos jovens, e a gente já viu o retorno na Copa do Mundo. E temos outros jovens talentos que vão aparecer em breve”, explicou o jornalista marroquino Hicham Rafih, da agência France Presse. Fazendo história Marrocos já tinha feito história antes, ao ser o primeiro país africano a avançar à segunda fase da Copa do Mundo, quando chegou às oitavas de final em 1986, no México. Os Leões do Atlas, porém, tiveram um período ruim depois disso, ficaram sem ir ao Mundial durante 20 anos, de 1998 até 2018, e também não conseguiam passar da fase de grupos da Copa Africana de Nações. Foi então que o Rei Mohammed VI começou a investir no esporte, criou a academia de talentos e valorizou os atletas formados no próprio país. “Tudo isso é um trabalho. Hoje nós somos uma equipe que joga junto há alguns anos. Se a gente pegar o Saiss, o Bounou, o Boufal e muitos outros, quase metade da equipe joga junta há alguns anos. Isso cria uma sinergia. Antes, o grande problema da equipe marroquina era que os jogadores não se conheciam. Você pegava alguém na Holanda, outro na França, outro na liga nacional, e efetivamente eles não se entendiam”, afirmou Rafih. Outro grande responsável pelo sucesso do Marrocos é o técnico Walid Regragui, que chegou à seleção três meses antes da Copa, substituindo Vahid Halilhodzic. Com 47 anos de idade, a juventude do novo treinador e a boa relação com os atletas melhoraram o ambiente. Com a qualidade de jogadores como Hakimi, do Paris Saint-Germain, e Ziyech, do Chelsea, a equipe venceu a Bélgica e empatou com a Croácia na primeira fase do Mundial, depois superou gigantes como Espanha e Portugal no mata-mata, e só perdeu na semifinal para a França. A campanha histórica encheu Regragui de orgulho. “Eu acho que mostramos uma bonita imagem, que na África nós trabalhamos e aprendemos. É preciso aprender a ganhar, porque o objetivo dos países africanos e do Marrocos é de um dia, 'inshallah', ganhar a Copa do Mundo. Agora isso talvez vá colocar uma luz na África, porque todos vão querer fazer o mesmo percurso....

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França marca 500 dias dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024

4/16/2023
A 500 dias do início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que serão realizados de 28 de agosto a 8 de setembro de 2024, o Comitê Paralímpico Internacional não demonstra preocupação com a organização e preparativos para o evento. A entidade tem ajudado o Comitê local a adaptar o orçamento em função do aumento dos custos causado pela disparada da inflação, principalmente devido à guerra na Ucrânia. No final de 2022, a organização de Paris 2024 revisou para cima o orçamento para o evento esportivo. Os custos iniciais previstos de € 3,9 bilhões saltaram para € 4,380 bilhões devido à inflação e também à elevação de outras despesas. Esse acréscimo de € 400 milhões fez a participação dos cofres públicos subir de 3% para 4%. Os Jogos Paralímpicos, que terão € 71 milhões de orçamento, também devem se adaptar a uma nova realidade. “A gente tem, obviamente, alguns desafios grandes pelas questões que afetam todos os países do mundo. E com a França não é diferente. Então a inflação é algo na Europa, na França, e é algo que impactou o Comitê Organizador", explicou Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). "A gente está nesse trabalho de apoiá-los em revisão de orçamento e dos planos, tentando minimizar os custos, reduzir complexidade. Mas fora isso, em termos da promoção dos jogos, do avanço, da questão, do planejamento das operações, Vila, obras, a gente está muito satisfeito”, afirmou. Reunido a poucos dias da data simbólica dos 500 dias para o início dos Jogos Paralímpicos, o Conselho de Administração de Paris 2024 e os parceiros reafirmaram a ambição de fazer dessa 17ª edição, a primeira a realizada na França, uma grande celebração popular, com o objetivo de deixar um grande legado de inclusão social. Para isso, uma grande campanha para atrair 15 mil voluntários já foi lançada, com objetivo de atrair também muitas pessoas com necessidades especiais para contribuir com o sucesso do evento. “A expectativa é de que a gente chegue com grande número de voluntários. O importante para nós é ter um número grande de voluntários com deficiência, e que vão trabalhar nos dois Jogos. As pessoas com deficiência também querem fazer parte dos Jogos Olímpicos, não só dos Paralímpicos. Então essa integração é muito importante no programa de voluntários. Mas em termos de números, a gente não tem nenhuma preocupação, pelo contrário”, afirma Parsons. Ingressos mais baratos Depois da polêmica na França durante a primeira fase da venda de ingressos dos Jogos Olímpicos, com a oferta de pacotes considerados caros, o Comitê Organizador lançou uma segunda fase com ofertas de ingressos individuais. No caso dos Jogos Paralímpicos, cujas vendas começam a partir do outono no hemisfério norte, a perspectiva é de propor entradas com preços bem reduzidos, a partir de € 15 e € 20, para atrair mais público. O presidente do IPC destaca que a estratégia é acertada diante do perfil diferentes dos torcedores. “Cerca de 90% do público nas edições dos Jogos Paralímpicos de verão são domésticos, então serão muitos parisienses, muitos franceses que vão ver. Claro, há um retorno dos Jogos de verão para a Europa. A última edição foi em Londres 2012, então também tem uma expectativa de público dos países europeus, de comprar ingressos e participar. Na questão do preço dos ingressos, a gente acha que é uma estratégia acertada”, comenta.

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Saiba como funciona a segunda fase da venda dos ingressos para Olimpíada de 2024 em Paris

4/9/2023
As inscrições para o sorteio da segunda fase de venda de ingressos para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 estão abertas até o dia 20 de abril às 13h, no horário de Brasília. A partir do dia 9 de maio, os sorteados receberão um e-mail dois dias antes da data a partir da qual teão 48 horas para fazer a compra. Dos 7 milhões de ingressos ainda disponíveis, 1,5 milhão serão vendidos nesta etapa. Jonas Duris, colaboração para a RFI Nesta segunda fase será possível comprar entradas individuais, após as críticas e polêmicas que envolveram a primeira fase, já encerrada e dedicada à venda de pacotes. Na primeira venda, os sorteados eram obrigados a escolher no mínimo três modalidades, o que elevava o custo final devido ao preço alto dos ingressos. Somente 13% das entradas foram vendidas a € 24 (cerca de R$ 130). Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador das Olimpíadas de Paris 2024, assegurou numa entrevista à radio RMC que a segunda fase, cujas inscrições estão abertas desde o dia 15 de março, irá resolver os problemas iniciais. "Em termos de preços, há opções para todos. Será a partir de € 24 para os Jogos Olímpicos e € 15 para os Paraolímpicos. Haverá 4 milhões de ingressos a € 50 euros ou menos, e 10% dos nossos ingressos custarão mais de € 200. Há opções para todos”, disse. 'É muito dinheiro' O programador Frédéric Bodin, entrevistado pela RFI, foi um dos sorteados na primeira fase, mas desistiu de comprar ingressos. “Eu tentei comprar, mas cada ingresso era €100. É muito dinheiro", afirma. "Acho que faz um filtro que não é muito legal. Eu teria gostado que meu filho de sete anos visse os Jogos na vida real, com todo mundo, com a muvuca que tem ao redor. Mas pagar €100 por um ingresso significa que, se eu fosse com ele, seriam € 200 por esporte. E considerando que os pacotes contêm três esportes, daria €600 no mínimo”, lamenta. Apesar das críticas, 3,25 milhões de ingressos foram comprados na primeira fase, um recorde. O engenheiro Alexandre Gervez, foi um dos compradores, mas critica a estratégia de venda do site de Paris 2024. “Você tinha a possibilidade de pagar uns ingressos baratos para uma modalidade, mas logo o sistema forçava você a escolher um dos ingressos mais caros. Então no final não tinha jeito de pegar só ingressos baratos. O preço total foi alto", conta. "Deu € 600 para três modalidades”, confirma. Outro fator importante que tende a desmotivar os compradores é que grande parte do público vem de fora de Paris – turistas que, além do preço dos ingressos, deverão pagar também pelo transporte e hospedagem na capital francesa. Para Frédéric Bodin, a venda por pacote também criou problemas porque algumas modalidades podem ser disputadas em cidades diferentes. Por exemplo, o surfe acontecerá no Taiti, a mais de 15 mil quilômetros de Paris, a vela será em Marselha, no sul da França, e o futebol estará distribuído em seis cidades do norte ao sul do país. “Eu teria que estar disponível nas três datas e meu filho também, que está na escola, então realmente não sei como pode funcionar. Tem que não trabalhar para estar disponível nos três dias, porque é muito longe uma coisa da outra", aponta. Ingressos 'excepcionais' nesta fase Com as mudanças implementadas na segunda fase, o presidente do Comitê Organizador das Olimpíadas de Paris 2024 acredita que o interesse do público será grande. À RMC, Estanguet comentou que "os momentos mais excepcionais dos Jogos Olímpicos estarão à venda"nesta segunda fase, como as maiores finais em todas as disciplinas. "Todas as sessões serão disponíveis, tanto as competições quanto as cerimônias de abertura e encerramento do evento. Haverá ingressos de € 24, mas também ingressos realmente excepcionais, para as maiores finais”, avisou. O valor máximo anunciado é de € 950. A partir do dia 9 de maio, os inscritos para a segunda fase terão que ficar atentos aos e-mails, caso sejam sorteados para a janela de compra que começa no dia 11 de maio. No final do ano, um terceiro sorteio...

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Operação Messi 2026: argentinos entram em campanha para que craque continue na seleção até Copa

4/2/2023
Por trás do desejo da torcida de prolongar a carreira de Lionel Messi na seleção, aparece a reconstrução do orgulho nacional através de uma seleção que emociona o país e que representa um raro espaço de unanimidade na sociedade argentina num contexto de agonia econômica e de polarização política. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Os últimos 36 anos de uma seleção argentina sem títulos mundiais coincidiram com a decadência econômica com reflexos na desigualdade social. A conquista do tricampeonato no Catar não alterou a realidade, mas gerou no país uma contagiante onda de alegria, associada coletivamente ao artífice da vitória, Lionel Messi, a quem os argentinos pedem que continue até a Copa de 2026, apesar de nenhum outro jogador na história ter jogado seis Mundiais. “Messi merece jogar outro Mundial devido ao que ele representa para o futebol, ao que ele representa para nós, argentinos. Merece jogar por ele e pelo que ele gera ao redor”, afirma à RFI o empresário Marcos Cotese, de 28 anos, que viajou 1.730 km da patagônica Comodoro Rivadavia a Buenos Aires, apenas para assistir ao jogo contra o Panamá, o primeiro desde que a seleção argentina foi campeã no Catar em 18 de dezembro passado. “Messi deveria continuar porque a alegria que ele nos deu não pode acabar. É algo incrível pelo qual esperamos tantos anos. É algo que não dá para explicar”, reforça a dona de casa Maria Amelia Porcel, de 47 anos. Ao seu lado, a filha Juana, de 12 anos, concorda: “Ele nos ajudou muito e a carreira dele está Nos nossos corações. Graças a ele, chegamos até aqui. Então, nós o valorizamos muito. Nós o amamos muito”. O segundo e último amistoso da seleção argentina pelos próximos dois meses foi a confirmação da relação de amor da sociedade com Messi. Nos 7 a 0 contra a fraca seleção de Curaçao na noite de terça-feira (28), o capitão argentino fez três gols, sendo o primeiro deles o centésimo pela seleção argentina. No total, são agora 803 gols numa carreira que, segundo o próprio Messi, dificilmente inclua o próximo Mundial em 2026. Fica, Messi Contra uma despedida, a torcida já iniciou uma crescente "operação clamor", que pretende trocar demonstrações explícitas de amor até Messi mudar de ideia sobre deixar a seleção. “Messi nos deu muitas alegrias nesses últimos anos. Adoraria que ele continuasse e falo por toda a Argentina. Adoramos ver Messi com a bola. É hipnotizante”, afirma Lucía López, de 23 anos. “Todos nós estamos muito felizes. Ele nos fez muito feliz e queremos que essa felicidade continue”, explica o veterinário Augustín Glas, de 36 anos, vestido com a camisa do goleiro Emiliano Martínez, o “Dibu”. “Metade da Copa no Catar foi graças ao ‘Dibu’ com as suas defesas de pênaltis e com defesas cruciais na final contra a França. Além disso, a irreverência e a loucura nos representam culturalmente. Nós, argentinos, nos vemos refletidos nessa personalidade”, destaca. Messi não tem essa personalidade. Muito pelo contrário. O jogador que hoje emociona o mundo é a antítese do estereótipo argentino. “Messi é um líder positivo para a Argentina porque está livre de muitos atributos negativos da argentinidade: ser arrogante, sentir-se superior, falar com duplo e até triplo sentido, ironizar. Messi é um argentino que desconcerta porque é humilde e simples. Não se mete em política nem opina sobre líderes mundiais. Apenas joga futebol”, descreve o jornalista Sebastián Fest, autor do livro “Messiânico” lançado neste ano nos países hispânicos. Fest investiga e analisa a vida profissional de Lionel Messi desde 2011, tendo publicado versões anteriores Le mystère Messi (França, 2012), Misterio Messi (Espanha, 2013), “Nem rei, nem deus” (América Latina, 2014) e “Insubmersible Messi”(França, 2017). ‘Não tenho dúvidas de que Messi vai jogar o Mundial de 2026. Primeiro, porque ele não teve lesões graves na carreira. Está bem fisicamente. Hoje, ele está muito motivado. Atravessa o melhor momento da sua vida tanto esportiva...

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Ainda sob o “efeito da Copa”, Marrocos vence seleção brasileira e faz a festa

3/26/2023
Ainda sob a euforia de ter conquistado a quarta colocação na Copa do Catar – feito inédito para uma seleção africana e árabe, o Marrocos parece ter decidido estender a festa em seu país. A equipe venceu o amistoso contra a seleção brasileira, por 2 a 1, neste sábado (25) à noite, na cidade de Tânger, na primeira partida dos dois times após o Mundial. Por Tiago Leme, correspondente da RFI em Tânger Com a mesma base da Copa, os marroquinos fizeram valer o bom entrosamento e mostraram força diante de um Brasil com muitas modificações, que passa por uma fase de transição, com caras novas e o técnico interino Ramon Menezes, após a saída de Tite. Boufal abriu o placar aos 28 minutos no primeiro tempo, aproveitando o vacilo de Emerson Royal. Após o intervalo, Casemiro chutou de fora da área para empatar, aos 21 minutos, aproveitando a falha do goleiro Bono. Mas aos 33 da segunda etapa, Sabiri fez o gol da vitória marroquina, levando ao delírio os 65 mil torcedores que lotaram o estádio Ibn Batouta. Muita festa nas arquibancadas e gritos de “olé”. Apesar da derrota, Ramon viu coisas positivas no amistoso e destacou a qualidade do adversário. “Foi uma semana muito boa de trabalho, eu falei isso com os jogadores. É lógico que não foi o resultado que nós esperávamos, ainda mais se tratando de seleção brasileira. Mas jogamos contra uma grande equipe. Demos oportunidades para alguns jogadores, isso também é muito importante. Tivemos um pouco de dificuldade no começo do jogo, isso era até esperado. No segundo tempo tivemos mais chances de gol”, declarou o treinador. Gol anulado O Brasil até teve boas chances no jogo. Vinicius Júnior teve um gol anulado por impedimento no primeiro tempo. Enquanto Rony, do Palmeiras, e Rodrygo, do Real Madrid, erraram o alvo. No segundo tempo, Ramon fez cinco substituições, dando chances para Raphael Veiga, Vitor Roque, Yuri Alberto e Arthur também estrearem na seleção, além de colocar Antony em campo. Mas, com o apito final, o Marrocos conseguiu sua primeira vitória histórica contra o Brasil, depois de três confrontos. Uma das surpresas na convocação, o atacante Rony se mostrou feliz com sua estreia pela seleção brasileira, e logo como titular. “Nos preparamos para ter essa oportunidade no momento certo, na hora certa. E quando a oportunidade aparecer, você tem que estar preparado. Então, eu acredito que eu me senti muito à vontade, porque foi uma recepção muito boa dos jogadores que já estavam aqui, que já tem certas convocações. Eu me senti em casa, parece que eu estava no Palmeiras. Eu fiquei muito feliz por ter realizado este sonho de criança. É lógico que a gente tem que continuar trabalhando, para quando tiver outra oportunidade voltar aqui e representar o nosso Brasil, que é sempre bom estar vestindo a camisa da seleção. Mas estou muito feliz pela estreia, pelo jogo, faltou só um pouquinho de capricho ali”, afirmou o palmeirense. Camisa 5 vezes campeã Um dos dez atletas convocados pela primeira vez, o meia Raphael Veiga também analisou sua atuação e o desempenho da equipe. “É lógico que existe uma responsabilidade muito grande, você vestir uma camisa que é cinco vezes campeã do mundo tem um peso muito grande. Por ser a minha primeira vez, a questão de entrosamento em alguns determinados lances não é a mesma coisa do que eu estou acostumado no Palmeiras. Mas isso mostra para mim que eu aprendo muito com eles aqui, é uma semana de trabalho que eu valorizo muito para a minha carreira, aprendi muito com todos. E isso só faz com que eu queira voltar ainda mais, trabalhar ainda mais no Palmeiras, continuar fazendo o que eu tenho feito, ganhar títulos, ser decisivo e trabalhar ainda mais, porque eu quero voltar”, disse Veiga. O Brasil volta a campo para mais um amistoso apenas na primeira quinzena de junho, ainda sem adversário definido. Até lá, a CBF espera já ter acertado a contratação de um novo treinador. O grande sonho da confederação é o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid. A...

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Resultados do Brasil em campeonatos mundiais dão esperança de medalhas em Paris-2024

3/19/2023
Na semana que marcou os 500 dias para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a RFI Brasil analisa como está a preparação dos atletas brasileiros para o evento. E os resultados obtidos em capeonatos mundiais são motivo de otimismo. A reportagem também esteve em Saint-Ouen, município localizado ao norte da capital francesa e que será "a casa do Brasil" durante a olimpíada. Maria Paula Carvalho, da RFI Olhando para o ano de 2022, os atletas que representam o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tiveram um desempenho vitorioso e repleto de conquistas importantes nas principais competições do calendário internacional. A conta inclui sete medalhas de ouro, seis de prata e dez de bronze. A modalidade em que os brasileiros mais subiram ao pódio foi o judô. Um rendimento superior ao registrado nos Jogos Olímpicos do Japão-2020, quando o país obteve 21 medalhas no quadro geral. Ney Wilson, diretor de Esporte de Alto Rendimento do COB, avalia as chances do Brasil em conquistar medalhas em Paris. "Estamos trabalhando bastante nesse sentido. O parâmetro para a gente entender se está melhorando e se a preparação está boa são as medalhas em provas olímpicas em campeonatos mundiais, em anos que não tenha Jogos Olímpicos", explica. "Então, no ano passado, a gente teve uma evolução. Alcançamos 23 medalhas em campeonatos mundiais em provas olímpicas. O que se fosse um quadro de medalhas de Jogos Olímpicos, nos colocaria uma posição à frente do que nós alcançamos em Tóquio. Então, mostra uma evolução que gera uma confiança no trabalho que estamos desenvolvendo", afirma. Até o momento, o Brasil tem 19 atletas com vagas conquistadas para participarem dos Jogos de Paris-2024, mas na maioria das modalidades, as vagas ainda estão em disputa. Wilson revela que o objetivo do COB é alcançar uma delegação composta de 350 atletas classificados. Medalhalhista de bronze dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, em 2018, Sandy Macedo sonha estar em Paris competindo no taekowndo feminino. "Olimpíada tem muitas formas de se classificar, a mais tradicional é pelo ranking olímpico. Este ano tem muitas competições importantes, tem competição que dá vaga direta para a olimpíada, eu vou tentar participar delas e estamos trabalhando muito duro, mas eu estou bem esperançosa”, ela afirma. A atleta, de 21 anos, participou de um treino, na terça-feira (14), no ginásio das Docas, em Saint-Ouen, ao norte de Paris. "É emocionante poder estar na sede dos Jogos Olímpicos, acompanhar toda a estrutura que eles estão construindo, é legal porque você se motiva a trabalhar mais duro e, quem sabe, ano que vem estar aqui presente", acrescenta. Parceria olímpica O time juvenil de taekowdo do Brasil teve um encontro com alunos de uma escola local. As crianças puderam participar de uma atividade no tatame e aprender alguns golpes com os atletas brasileiros. Para o prefeito de Saint-Ouen sur Seine, cidade de quase 50 mil habitantes, o mais importante é destacar os valores olímpicos. “Saint-Ouen será a cidade que receberá a delegação do Brasil e nós estamos orgulhosos. É um grande momento”, diz Karim Bouamrane. O prefeito diz estar orgulhoso da parceira com o COB. "O Brasil é uma das maiores nações esportivas do mundo, uma das maiores nações culturais do mundo e, com a Amazônia, faz parte do pulmão da humanidade. Eles sempre foram precursores em nível cultural, esportivo e social, com muitos combates políticos convergentes entre Saint-Ouen e o Brasil. E, sobretudo, os valores que são portados pela delegação olímpica do Brasil, a generosidade, humildade, o calor humano, a benevolência, que queremos compartilhar com nossas crianças, é por isso que, para nós, é muito importante", conclui. Situado no departamento de Seine-Saint-Denis, Saint-Ouen fica a 600 metros da futura vila olímpica. Desde agosto do ano passado, o Comitê Olímpico do Brasil vem testando as instalações. A seleção masculina de vôlei foi a primeira a treinar nessa base do Brasil, a pouco mais de 6 km da capital...

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Brasileiros do Nantes estão confiantes para a conquista da Copa da França

3/12/2023
O Nantes, time do oeste da França, luta para se distanciar da zona de rebaixamento no campeonato francês. Mas, na Copa da França, a equipe já está na semifinal e espera manter seu título na competição, e para isso conta com dois zagueiros brasileiros no elenco. Um deles é João Victor, zagueiro central que chegou ao Nantes, vindo por empréstimo, mas sem opção de compra, junto ao Benfica. No time português, o zagueiro central, ex-Corinthians, jogou pouco. Foram apenas três jogos na temporada, marcada pela chegada a Portugal com uma lesão no tornozelo que o deixou vários meses afastado dos gramados. “No meu último jogo conta o Corinthians, me machuquei e fiquei parado quatro meses. Até me recuperar, perdi espaço. E até me adaptar e voltar a ter confiança, levou um tempo”, lembra. O empréstimo para o Nantes foi a solução para o jogador. “Foi uma proposta boa, é uma liga importante e com muita visibilidade. Isso fez com que eu escolhesse vir para cá. É um futebol difícil, com muita qualidade para estar jogando. Espero ter oportunidade para mostrar meu futebol”, diz o atleta de 24 anos que disse ter recusado propostas de voltar ao futebol brasileiro. João Victor aguarda impaciente mais oportunidades para jogar. Atualmente está na reserva e tem tido poucas chances de atuar, como no segundo tempo na derrota de 4 a 2 para o PSG, no estádio Parque dos Príncipes. Ele pretende ganhar espaço e conta com o ambiente favorável no clube, principalmente com a possibilidade de conquistar pelo segundo ano consecutivo a Copa da França. "O espírito está muito positivo. Pegaremos o Lyon, mas sabemos que temos muitas qualidades. É apenas um jogo, onde podem acontecer várias coisas e sabemos que podemos sair vitoriosos”, avalia. Apesar das poucas atuações tanto no Benfica quanto no Nantes, o zagueiro já consegue estabelecer comparações com o futebol brasileiro. “O futebol europeu é muito mais complicado que o brasileiro, que é muito mais tranquilo apesar da competitividade. Aqui você tem que treinar muito taticamente, tecnicamente, fazer complementos individuais para você evoluir. A força física também é muito importante, no Brasil é um pouco menos. E ainda aqui jogamos contra os melhores do mundo”, diz o atleta. Girotto: titular e um dos capitães do Nantes João Victor foi acolhido no Nantes por outro brasileiro, Andrei Girotto, que joga a sexta temporada pelo time francês. O gaúcho, de 31 anos, foi contratado junto à Chapecoense como volante, virou zagueiro por opção de um ex-treinador do Nantes e depois de vários anos se sente totalmente adaptado à posição. Como um dos mais experientes da equipe, ele se tornou um dos capitães do clube. Atualmente na 14ª posição na tabela do campeonato francês, com 28 pontos, a equipe tem como objetivo se distanciar da zona de rebaixamento. “Nos próximos jogos, temos que somar pontos para distanciar ainda mais dessa zona. Nosso objetivo é ficar na Ligue 1”, diz o zagueiro, em referência à primeira divisão do futebol francês. Mas a grande ambição da temporada é defender o título de campeão da Copa da França. Na temporada passada, o Nantes ergueu o troféu, quebrando um jejum de 22 anos sem títulos. Após passar por equipes como Angers e Lens, o time enfrenta na semifinal o Lyon, em casa, no dia 5 de abril. “Estou muito feliz por estar revivendo uma semifinal. Sabemos que tem grandes equipes e chegamos a um passo da final. O bom é que recebemos o Lyon em casa, junto da nossa torcida e isso nos dá ainda mais forças para tentarmos essa vaga na final”, diz. “No ano passado, já conquistamos o título e já estamos com essa experiência de Copa, por isso o sucesso também este ano”, acrescenta. A conquista da Copa da França garante à equipe uma vaga automática na Liga Europa, competição na qual o clube voltou a atuar com as potências médias do futebol europeu. O time francês acabou eliminado pela Juventus em casa por 3 a 0, após um empate de 1 a 1 em Turim. A presença em uma grande competição europeia gera...

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Qual o futuro da Federação Francesa de Futebol depois de escândalos envolvendo seu presidente?

3/5/2023
Depois de bater na trave na conquista do título na Copa do Mundo do Catar, a França enfrenta agora uma outra polêmica que movimenta o mundo do futebol. Uma auditoria instalada junto à Federação Francesa de Futebol (FFF) revelou uma série de escândalos envolvendo seu presidente, lançando algumas incertezas sobre o futuro da instituição. Por Andréia Gomes Durão, da RFI “Quanto ao presidente Noël Le Graët, pelas irregularidades analisadas em termos de gestão, pelas suas declarações públicas, pelo seu comportamento gravemente inadequado com as mulheres, falhas acentuadas pelo consumo excessivo de álcool, eu só posso endossar a conclusão do relatório. Ele não tem mais a legitimidade necessária para administrar e representar o futebol francês nessas circunstâncias.” Com essas declarações, a ministra francesa do Esporte, Amélie Oudéa-Castéra, revelou a conclusão do relatório da auditoria que coloca o presidente da FFF, Noël Le Graët, no epicentro de uma grave crise da federação, o que inclui acusações de assédio moral e sexual contra ele. Afastado do cargo desde 11 de janeiro, ainda durante o curso das apurações na instituição, Le Graët alega que estaria sendo vítima de um complô político e midiático. E acabou decidindo renunciar à liderança da instituição na última terça-feira (28). A figura de Le Graët é controversa. Ao mesmo tempo em que é alvo das denúncias de assédio e de centralizar o poder da federação em suas mãos, este bretão de 81 anos, à frente da chamada 3Fs desde 2011, tem a seu favor a reputação de ter turbinado o futebol francês e sua economia. Sob sua gestão, os Bleus conquistaram 11 títulos, inclusive uma Copa do Mundo, em 2018. E a federação alcançou um orçamento recorde de € 274 milhões. Um desempenho saudado pelo comitê executivo (Comex) da instituição, curiosamente formado por apoiadores de Le Graët. “A razão prevaleceu. O presidente, como esperado, renunciou. Foi extremamente comovente e todos nós ficamos muito tristes porque, obviamente, não é apenas um momento histórico, mas emocionalmente muito forte para todos. Agradecemos ao presidente pelo desempenho excepcional e pelo grande líder do futebol francês que ele foi”, declarou Eric Borghini, integrando do Comex, ao confirmar a renúncia do presidente no início desta semana. Da FFF para a Fifa Mas o anúncio da demissão não foi o único abalo recente promovido por Le Graët nesta polêmica. Tudo indica que o agora ex-presidente da Federação Francesa de Futebol irá “cair para cima”, quer dizer, ele deixa a federação nacional com a perspectiva de assumir o anexo parisiense da Federação Internacional de Futebol (Fifa). E será o braço direito em Paris do presidente da entidade, Gianni Infantino. Para completar a série de decisões polêmicas, Le Graët também declarou, esta semana, que irá entrar com um recurso para contestar a auditoria na FFF, além de apresentar uma acusação contra a ministra do Esporte por difamação. Levar o caso para o “lado pessoal” gerou uma forte reação de Amélie Oudéa-Castéra, que insiste que os desdobramentos deste processo se baseiam exclusivamente na conclusão do relatório, como ela declarou à rádio RTL. “Durante a coletiva de imprensa eu apenas reproduzi os comentários da conclusão do relatório da Inspeção de Esporte. O documento relata comentários e mensagens de texto feitos por Le Graët, ambíguos para alguns, mas de caráter claramente sexual para outros. Esta é a linha do relatório, eu apenas citei o que reflete com precisão o trabalho que fizemos. É um trabalho de denúncia ao Ministério Público sem qualificarmos os fatos, pois não cabe a nós fazer isso.” Mudanças profundas A ministra também insiste que as informações reveladas pelo relatório têm consequências muito mais graves do que as acusações que recaem sobre Le Graët, e que pesam sobre uma importante instituição francesa, sobre todas as pessoas e clubes envolvidos, além de comprometer a própria imagem da França. “Esses incidentes também prejudicam a imagem do nosso país....

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Paris 2024: COI é críticado ao defender participação de atletas russos com bandeira neutra

2/26/2023
No momento em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma espinhosa questão voltou à tona nas últimas semanas: os atletas russos e bielorrussos devem participar dos Jogos de Paris, em 2024? Em um comunicado divulgado na quarta-feira (22), o Comitê Olímpico Internacional (COI) declarou que os Jogos Olímpicos não podem ser “fonte de divisão e de exclusão de atletas”, defendendo seu projeto de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos na Olimpíada de 2024, apesar da invasão da Ucrânia pela Rússia, com o apoio de Belarus. Na mensagem, intitulada Guerra na Ucrânia, um ano depois, o COI reitera sua solidariedade ao povo ucraniano diante de uma guerra que considera “cruel”, em que “a dor e o sofrimento vão além da imaginação”. O texto também menciona o apelo à paz e diz que o COI está pronto a dar sua “modesta contribuição a todo esforço para edificar a paz”. O comitê lembrou que, em fevereiro de 2022, após o início da guerra, adotou sanções contra a Rússia e Belarus, como a exclusão de atletas e do uso de símbolos dos dois países em eventos esportivos internacionais. A medida ainda está em vigor, lembra a entidade, que está no centro de uma avalanche de críticas ao sinalizar com a possibilidade de os esportistas russos e bielorrussos poderem competir com bandeira neutra. No início da semana, um grupo de 30 países, incluindo a França, país-sede da Olimpíada de 2024, enviou ao Comitê Olímpico Internacional uma carta pedindo maior esclarecimento sobre os critérios de neutralidade da entidade. “O problema para o COI hoje é que, há cerca de um ano, o comitê saiu de sua posição apolítica, tomou uma postura política contra a Rússia, e hoje está finalmente tentando se despolitizar novamente. No entanto, vemos que é tarde demais. Finalmente ficou claro para todos que o esporte é de fato político e que o COI toma decisões políticas”, afirma Lukas Aubin, especialista de geopolítica do esporte em entrevista à RFI. Não se pode ficar "neutro" Vozes de peso se somam às críticas contra o Comitê Olímpico, como a do prefeito de Kiev, Vitali Klitschko. Ex-campeão olímpico de boxe, ele estima que não se pode ficar “neutro” diante das mortes na guerra. A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, em entrevista à rádio francesa Franceinfo, há duas semanas, também mostrou toda sua oposição à opção ventilada pelo COI de autorizar atletas russos a competir com bandeira neutra. "Eu não sou favorável a essa opção. Não devemos permitir o desfile de um país que está agredindo um outro e fingir que não estamos vendo nada. Eu não sou a favor de ter uma delegação russa nos Jogos de Paris”, ela declarou. Questionada se o Comitê Olímpico deveria permitir a vinda dos russos e bielorrussos a Paris em 2024, ela retrucou: “Neste caso eu não concordarei com essa posição e vou me posicionar, mas ainda temos tempo pela frente antes de decidir”. O Comitê Olímpico Internacional é quem tem a prerrogativa de tomar decisões sobre os eventos que organiza, mas não deixa de estar em uma posição delicada, pois o esporte para o presidente russo também é um instrumento político. “Toda a problemática atual da participarão ou não dos atletas russos sob uma bandeira neutra nos Jogos de Paris 2024 está ligada ao fato de que, para Vladimir Putin, o esporte é essencialmente político”, afirma Aubin, autor do livro “La Sportokratura sous Vladimir Putin". “Desde que chegou ao poder no final de 1999 e início de 2000, ele fez do esporte uma arma política, como na era soviética, como durante a Guerra Fria e como no esporte entre os Estados Unidos e a URSS. E os atletas, embora obviamente cada um tenha seus próprios interesses políticos, sua própria postura, etc., em geral, eles são usados pelo regime russo para promover seus interesses e espalhar a influência da Rússia internacionalmente”, acrescenta o autor. Recorrer ao Tribunal O governo da Rússia já sinalizou que, se o país for impedido de participar de competições como a Olimpíada, vai recorrer ao Tribunal Arbitral do...

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Atleta brasileiro de futsal que jogava na Ucrânia conta como a guerra mudou sua vida

2/19/2023
O brasileiro Jonatan Santiago, conhecido como Moreno, jogava futsal no time ucraniano Skyup quando a Ucrânia foi invadida pela Rússia. Com o início do conflito, em fevereiro de 2022, ele foi obrigado a deixar o país. Um ano depois, ele conta à RFI como a guerra mudou sua vida. Ana Carolina Peliz e Paloma Varón da RFI Quando a guerra explodiu, Jonatan Santiago e outros brasileiros conseguiram sair de Kiev e chegaram à Polônia. Ao contrário de outros atletas, ele decidiu não embarcar para o Brasil, de onde tinha saído há 11 anos, e continuar investindo na carreira europeia. O amor pelos países do leste da Europa e a vontade de ficar próximo da filha que mora na Rússia falaram mais alto que os problemas que poderia enfrentar. "Foi uma loucura aquilo! Mudou todos os planos que eu tinha naquele momento e fiquei meio sem saber o que fazer, porque tudo aconteceu muito rápido", lembra Santiago um ano após o início do conflito. Mas o brasileiro se organizou bastante rápido. Logo após conseguir sair da Ucrânia, aproveitou a janela de transferência aberta para os jogadores de times ucranianos e começou a jogar na Alemanha para o Hot 05, de Dusseldorf, onde ficou por dez meses. "Minhas coisas ainda estão todas na Ucrânia. Não consegui recuperar nada do que ficou lá”, revela. “Mudou totalmente meus planos. Não tinha nenhum projeto de ir ou conhecer a Alemanha, mas acabei conhecendo, trabalhando e morando lá", ele conta. Uma proposta interessante fez Jonatan Santiago trocar a Alemanha pela França e, atualmente, ele joga no clube francês Montpellier Méditerranée. Lembranças do início do conflito Mas os primeiros dias do conflito e as dificuldades para deixar a Ucrânia ainda estão muito vivos na memória do atleta. "Naqueles primeiros dias da guerra, era como coisa de filme. Era um pânico total, ninguém nas ruas, nos mercados não tinha nada, tudo fechado, sirenes o dia inteiro, caças voando por cima de nossas cabeças. À noite, barulho de bombas e de tiros para todo lado! Coisas impossíveis de descrever!”, relata. “A gente tentou fugir de trem e tinha muita gente que empurrava, batia. A gente não conseguiu sair! Depois tentamos pagar o maquinista, mas ele pegou o dinheiro e não deixou a gente ir”, descreve ele sobre como tentou sair de Kiev no meio do caos dos primeiros bombardeios russos. “Aconteceu tanta coisa! Foram dez ou 11 dias, mas pareceu que foi um ano. Coisas que não tem como esquecer. A gente dormindo debaixo dos prédios, porque não tinha para onde ir, coisas que ficam marcadas, como se estivéssemos em um filme, então é difícil explicar quando acontece", diz. Planos de voltar para a Ucrânia Mas apesar de tudo o que passou e da situação do país, Jonatan tem planos de voltar para a Ucrânia desde que possível. Ele inclusive recebeu um convite do Skyup para voltar a jogar, mas achou arriscado retornar neste momento. “Eu tenho uns amigos que estão morando lá, que estão como voluntários e estão passando por situações difíceis. Um tomou um tiro há alguns dias, na virada do ano houve muitos ataques, então decidi não voltar ainda”, ele diz. “Eu queria muito, porque eu gosto muito da Ucrânia, sou muito apegado ao leste europeu, vivi dez anos lá”, lamenta o atleta. A guerra não mudou apenas os planos profissionais de Jonatan Santiago. Desde o início da guerra ele não vê a filha de seis anos. Ele também perdeu muitos amigos. "Eu tenho um amor e uma conexão muito grandes com a Ucrânia, com as pessoas, eu tenho amigos ucranianos que são incrivelmente atenciosos e sempre estão dispostos a ajudar os brasileiros. Eles amam o Brasil”, conta. “Então eu fico muito triste com o que está acontecendo, pelas famílias, pelas pessoas que perderam suas casas. O país está totalmente destruído. Fico muito triste com essa situação que o povo de lá está passando”, lamenta o brasileiro.

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Vini Jr brilha, Real Madrid conquista seu oitavo Mundial, e Flamengo decepciona

2/12/2023
Em um jogo cheio de gols, o Real Madrid confirmou o favoritismo e conquistou seu oitavo título do Mundial de Clubes, neste sábado (11), em Rabat, capital do Marrocos. Na final, o time espanhol venceu o Al Hilal, da Arábia Saudita, por 5 a 3, com brilho de um craque brasileiro. O atacante Vinicius Júnior se destacou mais uma vez, fez dois gols e deu uma assistência. Com isso, foi escolhido pela FIFA como o melhor jogador do campeonato. Tiago Leme, de Rabat (Marrocos), para a RFI O uruguaio Valverde também marcou duas vezes, e o francês Benzema completou o placar. Do outro lado, Vietto, duas vezes, e Marega fizeram os gols sauditas. Depois da partida, o meia brasileiro Rodrygo falou sobre a importância de conquistar o Mundial e sobre o ótimo desempenho do amigo Vinicius Júnior. “É muito importante, a gente sabe que é muito difícil chegar aqui. Para chegar aqui a gente tem que ganhar a competição mais difícil, que é a Champions, então a gente dá muita importância. Durante a viagem aqui, a gente falou a todo momento de estar concentrado, porque os jogos iam ser difíceis. A gente queria muito este título e agora que conseguimos é só festejar”, afirmou Rodrygo, que completou. “Eu fico sempre muito feliz de jogar com o Vini. No primeiro jogo a gente jogou mais tempo, hoje eu entrei depois. Então no primeiro jogo seu para fazer mais jogadas, os dois marcaram gols. É sempre ótimo para mim poder jogar com ele, ele sempre dá muita opção com a velocidade que ele tem. Então, nossos estilos combinam, um ajuda o outro.” E se de um lado os espanhóis fizeram a festa no Marrocos, do outro o Flamengo teve uma participação decepcionante no torneio. A equipe carioca, que sonhava em disputar a final com o Real Madrid e tentar o bicampeonato mundial, perdeu na semifinal para o Al Hilal, por 3 a 2, na última terça-feira. Flamengo vence, mas deixa a África com sentimento de frustração Neste sábado, na amarga disputa pelo terceiro lugar, na cidade de Tânger, o Flamengo pelo menos venceu o Al Ahly, do Egito, por 4 a 2, com dois gols de Gabigol e dois de Pedro. Apesar disso, os flamenguistas vão embora da África com um sentimento de frustração pela queda de forma surpreendente na semifinal. “É decepcionante demais. A gente sabe o quanto a gente desejava este título, a gente trabalhou muito para chegar até aqui, não é fácil. E a gente tem que dar a cara, levantar a cabeça, saber que nós nos colocamos no Mundial, e nós não fomos competentes para passar para a final. O Flamengo é muito grande, temos uma responsabilidade muito grande e vamos assumi-la. Temos que trabalhar mais, mais focados, mais unidos, que só assim a gente vai poder realmente dar a volta por cima e buscar o que a gente mais gosta, o que a gente é acostumado, que são as vitórias”, disse o capitão do Fla, o meia Éverton Ribeiro O fracasso no Mundial somado à derrota para o Palmeiras na Supercopa do Brasil geraram críticas de torcedores ao trabalho do técnico Vitor Pereira. O treinador português chegou ao clube no início deste ano, após sair do Corinthians no fim de 2022. Apesar dos resultados negativos, Vitor garantiu que o time está no caminho certo e que o seu trabalho está apenas no começo. “Nós estamos em um processo. Temos que ter consciência de uma coisa, estamos a trabalhar há um mês e uns dias, com muitos jogos pelo meio, é uma temporada completamente atípica. Estamos em um processo de transmitir informação e de mudar alguns comportamentos. E estamos a fazer isso passo a passo, sabendo que neste processo tivemos e continuamos a ter títulos a disputar. Não é fácil, mas estamos no caminho certo. Sabemos o caminho que queremos trilhar, sabemos as mudanças, as alterações e as correções que temos que fazer. Agora é só dar tempo ao tempo e vamos melhorando, estamos nesse processo de melhoria”, explicou o treinador rubro-negro. Atual campeão da Libertadores, o Flamengo agora volta as suas atenções para o Campeonato Carioca e também para a disputa de mais uma decisão, a Recopa...

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Ellen Froner ganha bronze e Brasil conquista duas medalhas no Grand Slam de Paris

2/5/2023
O Brasil encerrou sua participação no Grand Slam de Judô de Paris neste domingo (5) com uma medalha de bronze conquistada por Ellen Froner (até 70 kg). No sábado, Daniel Cargnin conquistou a prata. A última chance de medalha do país foi neste domingo com Ellen Fonner, a única atleta que chegou à disputa na fase final. Na disputa pelo bronze ela superou a grega Elisavet Teltsidou, derrotada por três punições. Muito emocionada com a vitória, Ellen garantiu uma medalha para a equipe feminina, que competiu com 13 atletas no torneio parisiense. “Essa medalha representa para mim acreditar, acreditar que eu poderia estar aqui e que estaria forte o suficiente para ganhar essa competição”, disse a judoca. Depois da pandemia, que foi um período difícil pela falta de competições, Ellen teve uma lesão no joelho que a deixou nove meses afastada do tatame. “Quando vim para cá, não estava focando em medalhas ou em vitórias, mas em mostrar para mim mesma que estava forte e deu certo”, afirmou. “A lesão foi uma lição para mim, me mostrou que eu sou forte, que estou no caminho e consigo”, disse, lembrando que durante a luta levou um golpe e conseguiu reverter o resultado a seu favor. Ellen confessou que durante a entrega da medalha no pódio teve que controlar o choro. “Eu estava entre chorar e sorrir porque foi uma mistura de emoção muito grande. Uma conquista em um Grand Slam não é fácil”, acrescentou, antes de se emocionar e ir às lágrimas durante a entrevista, ao dedicar a conquista aos familiares e amigos que a acompanharam nos momentos difíceis. Medalha no masculino A primeira medalha da seleção brasileira foi conquistada por Daniel Cargnin no sábado (4). O gaúcho faturou a prata depois da derrota na final para um georgiano. Apesar da decepção com a derrota na final, Daniel confirma estar entre os grandes nomes da geração atual. A delegação composta por 26 atletas, sendo 13 no feminino e o mesmo número no masculino, foi uma das maiores já enviadas pela Confederação Brasileira de Judô ao Grand Slam de Paris, considerado um dos mais fortes e importantes do circuito. “Essa competição talvez seja a mais tradicional do calendário mundial. É uma competição marcante porque por ser no início do ano, ela faz com que as seleções comecem praticamente do marco zero a fazer toda sua preparação”, explica o coordenador técnico da delegação, Antonio Carlos Pereira, lembrando que o próximo Mundial, no Catar, acontece em pouco mais de três meses. "Depois da conquista de quatro medalhas no ano passado, não conquistamos nenhuma medalha, para ver o quão difícil é a competição aqui, mas é um marco inicial de um trabalho. Claro que a gente fica feliz com uma medalha neste evento, mas a ‘não medalha’ também pode ser positivo. O importante é o processo, e esse processo tem que resultar daqui cem dias na conquista de medalhas”, afirma. Andrea Berti, técnica da equipe feminina da CBJ, fez uma avaliação positiva da participação da delegação no Grand Slam de Paris“A equipe veio preparada, com uma equipe mista, com muitos atletas que estavam fora do cenário. Estamos em um processo e acreditamos nele”, afirmou a treinadora. Andrea destacou a importância da participação no Grand Prix de Portugal e um treinamento de campo antes da vinda da delegação a Paris. “Nossa avaliação é que todos os atletas se apresentaram melhor aqui do que no Grand Prix. A gente vai trabalhar para construir as nossas medalhas. É um grupo homogêneo e queremos que fique homogêneo dando as mesmas oportunidades para todos”, destacou. A seleção brasileira participará durante duas semanas de um treinamento de campo internacional na França com vistas à preparação e definição de atletas que participarão do Grand Slam de Tel Aviv.

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Copa deu motivação para Catar investir em futebol, diz preparador de goleiros brasileiro

1/22/2023
O legado da Copa do Mundo para a evolução do futebol do Catar só deve ser avaliado no médio e longo prazo, mas o sucesso da realização do evento certamente vai contribuir para desenvolver o esporte no país, avalia o brasileiro Orlando Trivizol, treinador de goleiros de uma equipe local. Orlando tem experiência no futebol do Catar e também em outros países do Oriente Médio, como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Depois de duas breves passagens no Catar, em 1993 e 2005, ele se estabeleceu no rico emirado nos últimos 13 anos, sendo dez deles como preparador de goleiro do Al-Arabi, de Doha, que durante décadas dominou o futebol local. Mais recentemente, Orlando foi contratado pelo Lusail, time novo formado há quatro anos na cidade ao norte de Doha, onde se encontra também o famoso estádio que serviu de palco para os jogos do Brasil contra Sérvia e Camarões e a final da Copa. "Eu acho que agora, com a Copa do Mundo aqui, vai dar uma motivação maior. Eles estão vendo, sentindo o gostinho do que é ver um estádio super lotado, a competição, os times, tudo o que envolve uma Copa do Mundo, o mundo todo olhando. Eu acho que isso vai dar uma motivação para eles", afirmou Orlando em entrevista à RFI realizada durante o evento. Segundo o preparador de goleiros, as autoridades vão aproveitar o sucesso da Copa e investir no esporte, ainda pouco popular no país. “Acho que o governo vai apostar nisso. Eles vão investir mais para dizer: ‘a gente quer voltar para a Copa do Mundo o mais rápido possível’. Então eu acho que tem um futuro aí", ressalta Orlando. O preparador de goleiros informou que no início deste ano a Federação de Futebol do Catar fez um giro por vários países africanos, entre eles Nigéria, Argélia e Gana, na busca de jogadores jovens, de no máximo até 21 anos. No total, 23 foram selecionados para uma sessão de treinamentos realizada nesta última semana. "Os treinadores das principais equipes do Catar foram convidados para observar esse grupo de jogadores e trazê-los para os clubes. Eles vão continuar buscando novos talentos para jogar aqui", destaca Orlando, convidado para trabalhar com o grupo como preparador dos goleiros vindos da África. Fiasco da equipe nacional no Mundial A participação do Catar na Copa foi considerada um fiasco, já que os anfitriões foram os primeiros eliminados ainda na primeira fase após três derrotas. Por isso, vai ser preciso muito trabalho para construir uma equipe competitiva. Os obstáculos começam na própria fase de formação de atletas. Orlando Trivizol destaca uma grande dificuldade em atrair jovens do país para os clubes e também manter o interesse deles por uma carreira no meio futebolístico. "Não é muito fácil, porque é um país pequeno, 80% ou 70% da população é de estrangeiros e a gente tem que dar prioridade aos catarianos, que não são muitos. Às vezes você tira a qualidade na quantidade, mas aqui não tem tanta gente assim ", explica o brasileiro. Orlando também ressalta a concorrência com outras carreiras vistas como mais importantes e prósperas. "Aqui é muito concorrido com as Forças Armadas, com a faculdade. Então, por exemplo, eu tive aqui dois goleiros no sub20 que prometiam, todo mundo olhando e tal. Aí, na hora de subir para o primeiro time, eles dizem: ‘vou ser piloto’, entendeu? Aí eu encontro com eles hoje, digo, ‘eu dei cinco mil chutes para você virar goleiro do primeiro time e você vai lá e vira piloto’. O que é que eu vou fazer?", diz, em tom de lamentação. Além do sucesso da realização do primeiro Mundial no Oriente Médio, outro fator que pode impulsionar o futebol no Catar pode vir das principais autoridades do país governado pelo emir Tamin Ben Hamad Al-Thani. Segundo Orlando, a família real é apaixonada por esportes, o que contribuiu para estimular o interesse por diversas modalidades esportivas. “Eles gostam muito de esporte, construíram um estádio para fazer o Campeonato Mundial de handebol, um estádio para o campeonato mundial de ciclismo. E os xeiques...

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Paris 2024: gastos com segurança das Olimpíadas podem estourar orçamento

1/15/2023
O Tribunal de Contas da França apresentou nesta semana um relatório de etapa sobre a preparação das Olimpíadas de Paris em 2024. A apenas 18 meses do evento, o órgão que é responsável por supervisionar as contas do Comitê de Organização dos Jogos (Cojo) alerta sobre uma possível explosão dos gastos previstos no orçamento. Dois pontos em especial preocupam o tribunal: a segurança e o transporte. O relatório foi apresentado na última terça-feira (10) ao Senado e salienta que o Cojo não cumpriu uma recomendação feita em um documento anterior, datado de janeiro de 2021, para reavaliar as despesas, incluindo as prováveis receitas e a previsão de gastos adicionais. O documento também alertou sobre a urgência de terminar a tempo as infraestruturas de transporte que serão utilizadas pelo público. Sobre a segurança, o presidente do Tribunal de Contas, Pierre Moscovici, disse aos senadores que era necessário prever cenários de adaptação caso faltem policiais, algo, que segundo ele, é esperado. O tribunal recomendou o aumento das reservas operacionais da polícia e da guarda nacional, mas também alertou sobre um eventual déficit financeiro resultante da mobilização das forças de segurança. "A questão é: se fizermos um chamado suplementar às forças de segurança pública – e eu lembro que é necessário garantir a segurança dos Jogos, sem afetar a segurança dos franceses –, quem vai pagar por isso? Logicamente deve ser o comitê de organização", salientou Moscovici. "Da mesma maneira que temos que antecipar uma carência na segurança, temos também que antecipar um eventual rombo gerado pelo financiamento da polícia", acrescentou. Equilíbrio orçamentário No documento, de 130 páginas, existe uma preocupação especial com o equilíbrio do orçamento do Cojo. Em dezembro, uma reavaliação aumentou em € 400 milhões as despesas do comitê, fazendo seu orçamento chegar a € 4,38 bilhões. Desse gasto adicional, € 111 milhões virão do Estado francês e das regiões e cidades envolvidas na realização das competições. O Cojo argumenta que a revisão corresponde à inflação e foi validada em dezembro pelo Conselho de Administração dos Jogos Olímpicos de Paris. Para Saint Clair Milesi, que foi diretor de comunicação da candidatura de Paris às Olimpíadas de 2024, os comentários do tribunal, ainda que necessários, são injustos, já que a aposta de Paris é inovadora e, em termos de custos, mais enxuta que as anteriores. "Todo orçamento que estoura é ruim, e quando envolve dinheiro público é pior ainda, mas o orçamento aqui é muito mais responsável, muito menor do que em outras edições, por razões óbvias e pela escolha estratégica, que pouca gente se refere agora: Paris não tem parque olímpico", salienta. "Em Londres, bilhões de libras foram investidas para dinamizar a região oeste da cidade. E no Rio foi a mesma coisa na área da Barra da Tijuca, com o parque olímpico que foi criado ali. Em Paris não, a ideia é trazer a celebração para dentro da cidade e usar as instalações já existentes", destaca. Apesar de o comitê funcionar com fundos privados, é o Estado francês que responde pelo pagamento em caso de saldo negativo. O controle dos cursos do evento é tão importante quanto os resultados esportivos. A população francesa pede transparência e o objetivo é não transferir os gastos adicionais para o poder público. Cerimônia de abertura preocupa Um dos pontos que mais preocupa em matéria de segurança é a cerimônia de abertura, que será realizada às margens do rio Sena. Seiscentos mil espectadores são esperados na festa. Alguns senadores questionaram o gigantismo do evento que, pela primeira vez na história das Olimpíadas modernas, não será realizado em um estádio. O tribunal também alertou sobre o risco provável de que faltem profissionais de segurança privada. Saint Clair Milesi ressalta que essa responsabilidade não pode recair somente sobre o comitê de organização. "Você tem de um lado o poder público, que não pode abandonar a segurança pública, e de outro...

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“Estou muito feliz, brother!”, amigos contam últimas horas de Márcio Freire, surfista brasileiro que morreu em Portugal

1/7/2023
Amigos de Márcio Freire, o surfista baiano que morreu na quinta-feira (5), na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal, contam como foram suas últimas horas. Ele estava feliz por ter surfado nas ondas gigantes. Márcio fazia a sua segunda temporada em Nazaré. A tragédia chocou a comunidade do surfe nacional e internacional. Luciana Quaresma, correspondente da RFI em Portugal Amigo de Márcio, Thiago Jacaré, outro surfista brasileiro de ondas grandes, que estava no mar nesta quinta-feira, na Praia do Norte, chegou a trocar mensagens de áudio com Freire, duas horas antes do acidente e compartilhou com a RFI a alegria do amigo por ter conseguido surfar ótimas ondas na remada, naquele dia. “Estou muito feliz, brother! Foi show de bola! Estou voltando lá para pegar minha prancha. Tudo certo! Como foi a sessão de vocês?", disse Freire. Thiago e Márcio tinham uma relação de amizade grande e chegaram a surfar juntos na Praia do Norte no dia anterior, quarta-feira (4). No dia seguinte, no entanto, se desencontraram. Thiago explica o que aconteceu na última onda do amigo. “Ele foi fazer o tow-in, pegou uma onda e não conseguiu completar a onda até o final”, diz. “No finalzinho, a onda o engoliu e ele tomou várias ondas na cabeça. O pessoal não conseguia encontrá-lo, pois ele ficou muito tempo debaixo d’água e quando o encontraram, praticamente, ele já estava morto”, lamenta. O surfista chegou a ser socorrido por um jet-ski, mas os procedimentos médicos não foram suficientes para evitar a morte decorrente de uma parada cardiorrespiratória. “A unidade de resgate no mar foi muito competente, os Bombeiros também, pois o Município da Nazaré trabalha com uma organização operacional de praia muito profissional que dá respaldo na questão da segurança, mas, infelizmente, ele não conseguiu ser reanimado”, explica Thiago. “Todos aqui em Nazaré estão muito tristes, muito abalados com o que aconteceu. O Marcinho era um cara muito carismático, adorado por todos e a sua perda comoveu o mundo inteiro do big surfe e do surfe. Uma perda muito grande, principalmente para a gente que tinha um elo muito legal com ele”, completa o surfista. A última onda O videomaker Bred Oliveira, que está filmando pela primeira vez em Nazaré, conseguiu capturar a última onda surfada por Márcio Freire, na Praia do Norte. “O mar não estava grande, mas as ondas estavam fortes. Eu estava filmando despretenciosamente sem saber quem eram os surfistas. Pouco tempo depois ouvimos uma sirene de ambulância sem entender nada, vimos jet skis na areia, várias sirenes na Praia do Norte e foi então que percebemos que algo de ruim tinha acontecido, mas, neste momento, não sabíamos quem era. Minutos depois soubemos que era um brasileiro e que era o Marcinho, o Márcio Freire”, conta. O paranaense conhecido como Alemão de Maresias, um dos pilotos de segurança aquática mais reconhecidos do mundo, experiente surfista e piloto de tow-in, que conhece as ondas de Nazaré como poucos, tenta explicar o que pode ter acontecido com Freire. “Eu acredito que a onda deve ter pego ele muito forte e o jogado muito fundo e talvez o colete não tenha tido a flutuação suficiente. Isso fez com que ele permanecesse mais tempo embaixo d’água. Isso faz parte do cenário das ondas gigantes em Nazaré. Mesmo nas ondas grandes, às vezes a maneira como a onda te pega, ela te joga muito fundo e você demora mais para voltar. Sem o auxílio de uma flutuação adequada isso pode comprometer o retorno e te deixar em uma situação bem difícil”, explicou. “Não e à toa que é conhecida assim, não só pelo tamanho, pela dimensão que ela se forma, mas também pela potência que ela quebra. Eu acho que na situação do Marcinho, a onda deve ter pego ele de mal jeito jogado ele muito fundo, pois a onda foi entre o pico 1 e o pico 2, que é uma área mais profunda e deve ter levado ele lá pra baixo. Em situações como esta é muito difícil a gente lidar”, diz o surfista. “Eu já passei por situações assim de ficar muito tempo embaixo d’água...

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