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Podcast sobre comida e sustentabilidade, gastronomia e consciência socioambiental, idealizado e apresentado por Ailin Aleixo. Ailin é jornalista e escreve sobre gastronomia há 20 anos. Também atua como pesquisadora dos impactos sócio-climáticos-ambientais da cadeia de produção de alimentos e palestrante.

Location:

United States

Description:

Podcast sobre comida e sustentabilidade, gastronomia e consciência socioambiental, idealizado e apresentado por Ailin Aleixo. Ailin é jornalista e escreve sobre gastronomia há 20 anos. Também atua como pesquisadora dos impactos sócio-climáticos-ambientais da cadeia de produção de alimentos e palestrante.

Language:

Portuguese


Episodes
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#144 Comida de hospital: a desconexão entre alimentação e saúde, com Weruska Davi Barrios

11/10/2023
Se você já foi internado ou acompanhou alguém que foi, deve ter reparado que comida de hospital (público ou privado) é REPLETA de ultraprocessados. Chega a hora da refeição e é aquele mar de biscoitos salgados e doces, bolos de pacotinho, margarina, gelatina rosa, suco de caixinha, pão de forma… Isso é, no mínimo, um contrassenso, visto que não faltam estudos apontando os problemas dos ultraprocessados na alimentação, como este da USP, publicado em dezembro de 2022: Ingestão diária superior a 20% de alimentos ultraprocessados por idosos e adultos de meia-idade foi associada ao aumento do risco de declínio cognitivo acentuado. Hospitais, locais nos quais se deve cuidar da saúde e aprender a fazê-lo, tratam a alimentação com certo desdém e dão MUITO mais importância aos medicamentos do que à dieta do paciente. Mas não existe cura ou melhora que não passe pelo que comemos. Para entender melhor como normalizamos a comida de hospital não-saudável, os processos de preparo e maneiras de melhorá-la ao valorizar agricultores familiares e agroecológicos, minha convidada é a nutricionista Weruska Davi Barrios. Nutricionista Doutoranda em Nutrição e Saúde Pública pela USP, Weruska atuou em Nutrição Hospitalar nos últimos 17 anos, passando pelo Hospital do Coração (Hcor), Samaritano e Beneficência Portuguesa de SP. É consultora em Nutrição Hospitalar e Sustentabilidade e pesquisadora da equipe ECCCO - Equipe Ciência Cultura e Comida da Faculdade de Saúde Pública da USP. Support the show

Duration:00:57:18

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#143 Churrasco e aquecimento global: tudo a ver, com David Tsai

11/2/2023
Se fosse um país, a carne bovina brasileira seria a sétima maior emissora de gases de efeito estufa do planeta, à frente do Japão. O desmatamento responde por 70,6% das emissões da carne, seguido pelas emissões diretas do rebanho (29,2%), o metano liberado pelo sistema digestivo do animal. Esse é um dados importantíssimos trazidos pelo estudo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. Enquanto a média mundial de emissões de gases de efeito estufa relativas aos sistemas alimentares - produção de comida - gira em torno de 37%, no Brasil, esse número é 74%: e 78% delas vem da cadeia da carne bovina. A razão? O desmatamento realizado para abrir pastagens e/ou novas áreas para monoculturas extensivas de grãos voltados a alimentação animal (70,6% das emissões da carne). O grande agro segue dizendo que nossa produção é a mais "verde" e sustentável do mundo, mas a ciência aponto o contrário - e em tempos de colapso climático, isso não é nada, nada bom. Para conversar sobre o tema, meu convidado David Shiling Tsai, um dos autores do estudo. David é engenheiro químico, atual coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima e gerente de projetos no Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), onde atua desde 2007. Support the show

Duration:00:59:26

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#142 Implodindo o planeta

10/20/2023
Colapso climático fazendo rios caudalosos na Amazônia se transformarem em desertos, enquanto o Sul do Brasil fica debaixo de água e o Centro-Oeste vira um forno, com termômetros batendo 44 graus em diversas cidades, por dias consecutivos. Cerrado se tornando uma maciça monocultura extensiva de soja, o que compromete todo o abastecimento de água do país, produção de energia e a sobrevivência do Pantanal e da Bacia do Rio São Francisco, entre outras. Agrotóxicos contaminando a água "potável" da população. Oceano batendo recordes de temperatura, desestabilizando o clima e causando de tufões à mortandade em massa da vida marinha. Aquecimento global derretendo geleiras e permafrost mais rápido do que qualquer cientista previu e "revivendo" vírus desconhecidos que estavam dormentes há mais de 40 mil anos. Enquanto tudo isso acontece, a humanidade começa mais uma guerra. Há pouquíssimo tempo para salvar o planeta (nossa única casa) do que nós próprios estamos causando, e o que fazemos? Matamos uns aos outros. Nossa espécie deu errado? Support the show

Duration:00:26:06

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#141 Instituto Chão: o coletivo faz a força (e planta a mudança)

10/12/2023
"O Chão é uma associação de trabalhadores, sem fins lucrativos, que se movimenta para o aprofundamento da consciência crítica, da democracia e da igualdade de direitos. Buscamos uma democracia real: tudo é decidido em assembléias semanais, divide-se as funções de forma conjunta, recebe-se igualmente e apenas pelo trabalho, não remunera-se capital. Não há relação de exploração. Seguimos os princípios da Economia Solidária, tendo as pessoas como sujeito e finalidade da atividade econômica. Articulamos e integramos redes que fomentam a autonomia, o cooperativismo, a autogestão, o antirracismo, o feminismo, o antifascismo, o anti capacitismo e a redistribuição radical de renda. Visando a equidade e a horizontalidade, o Chão não tem dono, nem hierarquia. Aliando-se a movimentos sociais, comunidades tradicionais e outras instituições, lutamos pela reforma agrária e urbana, agroecologia, educação pública, saúde pública, combate à fome, biodiversidade e preservação ambiental e soberania alimentar. Em busca do fortalecimento de todos os componentes da cadeia produtiva, valorizamos economicamente produtores, trabalhadores e tornamos o preço mais acessível dos alimentos agroecológicos para todos. Os produtos são vendidos pelo preço de custo (preço de nota, frete e perdas). Todo mês fazemos uma previsão de custos e uma previsão de vendas e, a partir disso, sugerimos aos frequentadores, a cada compra, um percentual de contribuição para que possamos manter o espaço funcionando. Ao longo dos anos esses valores foram se estabilizando e, hoje, nossa necessidade mínima é de 25% e a sugestão de 30% sobre o valor dos produtos. O Chão é um lugar de construção cotidiana de um outro mundo necessário. Uma associação autogestionária que funciona como grupo de consumo aberto, financiado coletivamente. Temos um sítio, uma livraria, uma feira e uma mercearia com produtos agroecológicos, orgânicos e artesanais" O texto acima, parte da apresentação do Chão, deixa claro o modelo nada convencional do Instituto, que funciona desde 2015 na Vila Madalena, em SP - começou em um pequeno depósito e hoje já abrange mais 6 imóveis, com muitas centenas de itens. Sou cliente do Chão e admiradora confessa do trabalho deles. O episódio dessa semana, claro, é sobre o Chão. Support the show

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#140 Agricultura regenerativa e o capitalismo possível, com Romanna Remor

10/6/2023
O atual modelo de produção de alimentos - monoculturas extensivas, agrotóxicos, desmatamento, degradação do solo, uso excessivo de água, extermínio de polinizadores - não é o único possível para alimentar 8 bilhões de pessoas (e mais de 70 bilhões de animais terrestres voltados ao consumo humano por ano). A agricultura regenerativa prova que é possível produzir alimentos enquanto se recupera a terra e se preserva o meio ambiente, restaurando solos degradados, conservando espécies polinizadoras (especialmente abelhas), aumentando a captura de carbono e a retenção de água. A ideia é manter o solo produtivo pelo maior tempo possível, evitando as expansões para novas áreas. Na agricultura regenerativa, se objetiva: 1. Frear práticas que promovam o revolvimento do solo, eliminando o tratamento mecânico, químico e físico do campo. 2. Investir em culturas de cobertura, palhada, durante o ano todo para reduzir ou eliminar a chance de ocorrência de erosão. 3. Dedicar-se à construção da biodiversidade por meio de técnicas, como a rotação de culturas 4. Preservar raízes vivas no solo para a retenção de água e nutrientes e a realização da fotossíntese durante todo o ano. 5. Diminuir ou restringir o uso de pesticidas na lavoura. 6. Garantir ganho justo para os trabalhadores do campo. Mas dá mesmo pra ter um negócio no setor de alimentos baseado na Agricultura Regenerativa? Há volume e constância? O preço final é competitivo? Opa, se dá. E minha entrevistada de hoje é prova disso: Romanna Remor dedicou uma década de sua atuação profissional como pesquisadora, professora universitária e consultora nas áreas de políticas públicas, gestão estratégica e inovação. Empreendedora desde 2015 no segmento de alimentos saudáveis, Romanna é sócia-fundadora da Regenera Ventures, onde atua como Head de Conceito e Inovação. A Regenera é a controladora das marcas Viva REGENERA e Plantopia e do ecommerce Viva FLORESTA, todas baseadas na Agricultura Regenerativa, na Agroecologia e no Extrativismo Sustentável. Support the show

Duration:01:07:01

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#139 Sai a vaca, entra a aveia. Sai o pasto degradado, entra a agrofloresta, com Alex Soderberg

9/28/2023
Um dos maiores problemas para o enfrentamento do colapso climático é o modelo atual de agricultura. Alguns dados recentes? (fonte: Projeto Pasto Forte)(Fonte: Global food system emissions could preclude achieving the 1.5° and 2°C climate change targets)(Fonte: Meat Atlas 2021)(Fonte: Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa)Como, ao olhar essa situação, um casal de ativistas veganos agiu? Criando uma marca de lácteos vegetais cuja matéria prima tenha o mínimo possível de impacto e ajude na renda de dezenas de produtores sustentáveis e agroflorestais, possa ter ganho de escala enquanto ajuda a melhorar a condição do solo, tenha preço competitivo e seja nutricionalmente rico. Mas isso não bastava: também era preciso provar que os pastos degradados pela atividade de pecuária leiteira poderiam se tornar áreas de extrema abundância alimentar, gerar muito mais ganho a médio prazo para os "homens do leite" (e tornar a prática obsoleta para a região) e, ainda, recuperar as nascentes de água e trazer de volta a biodiversidade. Então, compraram 220 hectares do pasto mais degradado possível bem no meio da área mais tradicional de pecuária de leite de Minas Gerais e estão transformando uma parte da propriedade em agrofloresta e recuperando a vegetação nativa da outra. A história inspiradora é real e vivida pelo casal Felipe Ufo e Alexandra Soderberg, minha convidada de hoje. Alexandra é sócia-fundadora de marca de lácteos vegetais Naveia. Formada em Gestão de Recursos Naturais com foco em ciências do solo, Alex tem vasta experiência com agricultura sustentável e indústria de alimentos. Support the show

Duration:00:58:25

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#138 Explicando o Design Circular de Alimentos, com Luísa Santiago

9/1/2023
Colapso climático, poluição, desperdício, desmatamento, mais de 800 milhões de pessoas em situação de fome no planeta (dados da ONU), perda de biodiversidade: "parece" que a forma que a humanidade estruturou a economia não deu muito certo… O que vemos hoje, e que começou logo após a Revolução Industrial, se chama Economia Linear e funciona assim: extrair a matéria-prima, fabricar, consumir e jogar fora. Mas esta não é a única maneira: a Economia Circular está aí pra provar que, sim, é possível movimentar a roda do capitalismo AO MESMO TEMPO em que cuidamos da saúde do planeta (e, por consequência, da nossa existência aqui). E é aqui que entra outro conceito, o de Design Circular de Alimentos: produzir comida limpa, que regenere o solo e sequestre carbono da atmosfera, colabore e promova a diversidade alimentar local, garanta vida digna aos trabalhadores do campo, alimente os grandes centros de forma nutritiva e gere zero desperdício. Para falar sobre o tema, minha entrevistada é Luísa Santiago, líder da Ellen MacArthur Foundation na América Latina. Luísa colabora com líderes, empresas, governos e academia para expandir o conhecimento e a ação na economia circular na região. Possui mestrado em Práticas em Desenvolvimento Sustentável, pós-graduação em Gestão Ambiental e Bacharelado em Comunicação Social. Support the show

Duration:00:54:32

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#137 Por que você deveria se importar com a devastação do Cerrado?, com Isabel Figueiredo

8/24/2023
O que a devastação do Cerrado tem a ver com a minha vida? Qual a relação entre as imensas monoculturas de soja que dominam o bioma com a água que eu bebo e com a comida no meu prato? Porque raios eu deveria me preocupar com a população de lobo guará ou com a extinção do buriti? A verdade é que quase nenhum de nós foi educado para pensar de maneira sistêmica - ou seja, compreender as intrincadas relações de causa e efeito entre fenômenos ambientais, sociais e climáticos. Entre o aumento PIB do agro e o aumento da violência no campo. Entre hábitos alimentares e emergência climática. O modelo atual de produção de alimentos derivados de animais é dos maiores vilões da mudança climática e da soberania alimentar- até mais do que os tão comentados combustíveis fósseis. E não se trata da história do arroto do boi, não. O negócio é muito mais complexo. Segundo a ONU, a indústria pecuária global é o terceiro maior poluidor do efeito estufa do mundo. Essa mesma indústria é a maior desmatadora dos nossos biomas (como Amazônia, Cerrado e Pampas) - o que causa emissão de gases do efeito estufa e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de retirá-los da atmosfera, trabalho feito pelas árvores -, na mudança da paisagem e uso do solo (onde antes havia mata ou dezenas de pequenos agricultores plantando comida, hoje existe apenas soja), na contaminação de solo e água (por conta do uso intensivo de agrotóxicos), entre outros fatores. O Cerrado é, hoje, o bioma mais ameaçado do país. A razão? Tudo está virando soja para alimentar porco, galinha, vaca, ovelha, cabra, peixe… Para conversar sobre a importância vital (literalmente) do Cerrado, minha entrevistada é Isabel Figueiredo. Formada em Ecologia pela UNESP, com mestrado em Ecologia pelo Universidade de Brasília e trabalha há 20 anos no Cerrado junto à povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares para a conservação do bioma e a melhoria da qualidade de vida dos povos. Trabalha, desde 2006, no Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), atualmente coordenando o Programa Cerrado e Caatinga. Support the show

Duration:00:52:09

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#136 Alimentação escolar: 1 criança = R$ 0,50, com Lidi Barbosa

8/2/2023
Quanto vale a saúde, a capacidade de aprendizagem e o desenvolvimento de uma criança? Se pegarmos os valores que o governo federal repassa para municípios, vale R$ 0,50: sim, esse é o montante de dinheiro alocado, por dia, por criança, para alimentação escolar do ensino fundamental e médio (e isso porque, neste ano, teve aumento, o que não acontecia desde 2017!). No papel, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um exemplo: "O PNAE oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública". A realidade, porém, é bem diferente: desvio de verbas por falta de fiscalização, compra de itens saudáveis que simplesmente não são servidos, uso e abuso de ultraprocessados, entre outros "acontecimentos". Mas existem pessoas e organizações que nadam contra a corrente e implementam treinamento das cozinheiras, ensinam o uso total dos alimentos e lutam, na prática, por uma alimentação escolar de qualidade. Uma dessas pessoas é minha convidada de hoje, Lidi Barbosa. Lidi é chef de cozinha com especializações na área da gastronomia voltada para saúde (Le Cordon Bleu, em Paris e Natural Gourmet Institute, entre outras) e Presidente do Instituto Crescer que executa o Projeto Crescer e Semear, que tem como intuito levar informação, educação para promover a transformação para as cozinheiras da alimentação escolar, além de levar educação nutricional e alimentar para as crianças e pais, em escolas públicas de todo país. E em 2021 o Instituto deu início ao Projeto Crescer e Acolher que trabalha a gastronomia como forma de empreendimento social. A Chef e outros voluntários da área da gastronomia, nutrição e administração, ensinam mulheres em situação de violência doméstica e vulnerabilidade social a empreenderem no mundo da culinária saudável. Support the show

Duration:00:52:15

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#135 Qual a função da comida na sua vida?, com Matheus Macêdo

7/28/2023
Por que você come o que come? O que o move a escolher o que comer, quando comer, quanto comer? Qual o papel da comida na sua vida? Você conhece mesmo os efeitos dela em seu corpo e mente? Sabe que sua digestão é um grande regulador da qualidade do seu sono, da presença ou não de ansiedade/depressão e até do seu desempenho no trabalho? Para conversar sobre o tema, meu convidado é Matheus Macêdo. Matheus é idealizador do Vida Veda, o maior portal de Ayurveda do Brasil, e o primeiro brasileiro a concluir o bacharelado de Ayurveda, Medicina e Cirurgia (BAMS) na Índia, país em que viveu por 7 anos, É membro da Ayurveda Academy da Bangalore e fez residência clínica no hospital Vaidyagrama, em Coimbatore, e em diversas universidades na Índia e nos EUA. Acaba de lançar, pela Editora Academia, seu primeiro livro, Os 4 Pilares da Saúde. Support the show

Duration:01:06:01

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#134 E do fungo fez-se carne!, com Eduardo Sydney

7/20/2023
O mundo é dos fungos. Eles estão em centenas de de alimentos e bebidas - leveduras, que são tipos de fungos, são indispensáveis para a produção de cerveja , vinho , saquê , uísque , cachaça, pão, queijo roquefort e camembert, ácido cítrico... Aquele shimeji na manteiga ou portobello recheado e outros cogumelos, são fungos. A existência de liquens - associação de algas e fungos - permite a colonização de novos ambientes, já que estes organismos degradam rochas e auxiliam na formação do solo, propiciando o estabelecimento de novas espécies ao longo do tempo. Liquens, ainda, têm capacidade antibacteriana, e são utilizados como matéria prima na fabricação de corantes, perfumes finos, geleias. E de micélio, você já ouviu falar? Micélio, o “corpo” ou a “raiz” dos fungos, é formado por milhares de pequenos fios, as hifas. As hifas são redes que os fungos formam debaixo da terra e não apenas ajudam as árvores a buscar água, como também cria conexão entre elas, tornando possível, literalmente, alertarem umas as outras sobre possíveis perigos. Além de tudo isso, o micélio vem se tornando uma opção mega saudável de alimento análogo a carne - sim, análogo a carne! Para conversar sobre a carne de micélio (ou, em inglês, mush based meat), nosso convidado é Eduardo Sydney. Engenheiro de formação e com dupla diplomação de doutorado (Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela Universidade Federal do Paraná e Engenharia de Processos pela Université Blaise Pascal - Clermont-Ferrand, França), Eduardo trabalha com desenvolvimento de biotecnologias para valorização de resíduos agroindustriais e, desde 2021, é diretor de tecnologia da Typcal, atuando no desenvolvimento de produtos alimentícios a base de micélio. Support the show

Duration:00:53:58

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#133 Nada mais atual do que a cozinha vegetal, com Thiago Medeiros

7/13/2023
Em um mundo com mais de 8 bilhões de habitantes, enfrentando os efeitos da mudança climática causada pela humanidade, com volume e modelo de produção de animais para consumo humano completamente insustentáveis - desmata mais do que qualquer outra atividade, utiliza 70% da água doce do planeta, polui com agrotóxicos e gera resistência bacteriana por conta da administração desmedida de antibióticos, entre outros fatos -, é urgente rumarmos rapidamente em direção a uma matriz alimentar que supra nossas necessidades nutricionais, tenha mínimo impacto nos recursos naturais, seja regenerativa e saborosa. Em suma: falar sobre o protagonismo do universo vegetal na alimentação é uma demanda urgente do nosso tempo. Mas dá pra fazer isso sem perder o prazer de comer? Sem deixar de lado tradições alimentares? Sem ser elitista? Para conversar comigo sobre o tema, meu convidado é o chef especializado em gastronomia vegetal, Thiago Medeiros. Thiago é formado em gastronomia pela Universidade Anhembi Morumbi, vegetariano e amante da agricultura brasileira. Atualmente, seu foco está voltado ao seu projeto de experiências gastronômicas - Respiro ™ - e também às consultorias e desenvolvimento de produtos baseado em vegetais. Support the show

Duration:00:59:08

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#132 Gastronomia Periférica e a desconstrução do paladar colonizado, com Adélia Rodrigues

7/7/2023
De 20 anos pra cá, pensar em gastronomia é pensar em elitização. Em listas de "melhores". Em documentários cinematográficos sobre chefs tatuados dissertando sobre sua trajetória tocante. É pensar em técnicas francesas, ingredientes italianos, vinhos espanhóis, tradição japonesa. É o raro, caro, o que quase ninguém pode ter. Com a proliferação dos reality shows culinários, a exaltação midiática aos chefs (em sua maioria, homens e brancos) e premiações de todos os tipos o tempo todo, a gastronomia tornou-se algo nocivamente desejável e imensamente distante, como se fazer e servir comida de qualidade estivesse diretamente associado a cozinhas com equipamentos de centenas de milhares de dólares, jantares de 12 etapas, filas de espera de meses e jornadas de trabalho insalubres. Mas gastronomia não é isso. Gastronomia é cultura. É o hoje, é a tradição. É conversa cotidiana com as raízes de um povo, é conexão com a sazonalidade, é solo, é clima. É gente. Para conversar sobre a gastronomia como ferramenta de conscientização socioambiental, nossa convidada é Adélia Rodrigues. Adélia é cofundadora e gestora da Gastronomia Periférica, negócio social que busca transformar a vida das pessoas das periferias por meio da gastronomia. Motivados por formar profissionais de cozinha aptos a realizar suas funções de acordo com as necessidades do mercado e no âmbito social, o curso da Gastronomia Periférica oferece alternativas de mudanças efetivas de suas realidades pessoais e coletivas, permitindo minimizar aspectos de violência, criminalidade e exclusão. A escola da Gastronomia Periférica profissionaliza moradores das periferias - em especial, as mulheres pretas-, é 100% gratuita e engloba auxílio-internet, ajuda de custo para compra de insumos e mentoria/tutoria durante todo o curso. Support the show

Duration:00:55:57

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#131 Como a crítica gastronômica me tornou uma ativista climática

6/13/2023
Comecei minha carreira no jornalismo no ano 2000 e, desde então, escrevo sobre gastronomia - porém, apenas muito mais recentemente passei a escrever sobre comida. A diferença? Enquanto a crítica gastronômica é superficial e trata o alimento, muitas vezes, como coadjuvante (o principal são os chefs e os prêmios), fazer jornalismo focado em comida exige dedicação e estômago para encarar os imensos problemas socioambientais causados pelo atual modelo de produção de alimentos, especialmente aqueles de origem animal, e compreender a gigantesca cadeia de impacto do que está em nossos pratos: monoculturas extensivas mantidas a base de agrotóxicos, desmatamento de Cerrado e Amazônia, supressão da biodiversidade, uso massivo de antibióticos, aquecimento global, surgimento de pandemias, entre outros. Neste episódio, conto um pouco sobre como, no momento em que notei não saber nada sobre o que acontecia antes do restaurante para que aquela comida que avaliava chegasse até mim, passei a visitar matadouros, aviários, cafezais, criação de peixes, fazendas de cacau… passei a entrevistar agrônomos, biólogos, climatologistas, historiadores, zoólogos, cientistas, virologistas… e isso me fez mudar o rumo da minha vida profissional e a forma de me alimentar. Support the show

Duration:00:44:20

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#130 O mar (não) está pra peixe, com Cintia Miyaji

5/26/2023
Sobrepesca, poluição, contaminação por microplásticos, aquicultura, aquecimento global: o cenário atual dos pescados, de água doce e salgada, não é nada bom. Alguns dados: (fonte: WWF) (Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) (Fonte: Our World in Data) (Fonte: A 20-year retrospective review of global aquaculture) (Fonte: Rede Blue Keepers) Minha entrevistada é Cintia Miyaji, bióloga, mestre e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo, idealizadora do primeiro Guia de Consumo Responsável de Pescado do Brasil e fundadora da Aliança Brasileira pela Pesca Sustentável. Também é fundadora da Paiche Consultoria e Treinamento e membro da Conservation Alliance for Seafood Solutions. Support the show

Duration:00:56:20

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#129 Turismo Regenerativo: do que se trata?, com Pedro Treacher

5/15/2023
Turismo de massa é uma atividade com grande valor econômico para diversas cidades e regiões no mundo, porém possui efeitos destruidores, com grandes impactos ambientais e sociais. Alguns efeitos do overtourism (turismo em excesso): moradores são “expulsos” porque os aluguéis por temporada dominaram a área ou elevaram os preços de forma insustentável; negócios locais (como padeiros e floriculturas) fecham as portas por não conseguirem competir com lojas de cadeias internacionais; a construção de resorts e condomínios de casas causam desmatamento e uso indevido dos recursos naturais, como a água. Mas há outras formas de turismo, como o Regenerativo. O turismo regenerativo analisa o ecossistema local e cria benefícios tais como gerar emprego e condições de trabalho decentes para a comunidade em questão; desenvolve relações com a população do lugar e favorece a conexão do turista consigo mesmo e com a região em que está visitando; incentiva práticas ligadas à agricultura local, que melhoram a fertilidade do solo e garantem o acesso à alimentação para a comunidade; cultiva condições para que todos os integrantes desse ecossistema desenvolvam seu potencial. Ou seja: além de possuir a natureza como eixo central, o turismo regenerativo leva em consideração os pilares social, econômico, político e espiritual. Para conversar sobre turismo regenerativo, meu convidado é Pedro Treacher. Pedro é turismólogo e trabalha na área desde 2004. Já foi representante de vendas de resorts nacionais, teve uma pequena agência de ecoturismo e cuidou de operações de enormes grupos para Europa. Atualmente, dirige hotelaria do grupo que administra as Pousadas Trijunção, no Cerrado; Pousada Tutabel, em Trancoso; a Pousada Literária e a Fazenda Bananal em Paraty (além de outros empreendimentos com foco em conservação e sustentabilidade) e é Vice-presidente de sustentabilidade da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association). Support the show

Duration:00:51:38

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#128 Mercado financeiro e o sistema alimentar global, com João Paulo Pacífico

5/5/2023
"Neste ano, a produção gaúcha de arroz deverá ser 100 mil hectares menor do que a do ano passado, justamente pela maior atratividade de culturas destinadas à exportação. Enquanto a produção de arroz e de feijão caiu, a da soja cresceu 159% e a do milho 138%". (Fonte: Folha de São Paulo) Não é à toa que os preços de alimentos como arroz, feijão e mandioca tem aumentado vertiginosamente nos últimos anos: tanto as políticas públicas quanto o mercado financeiro jogam bilhões de reais na produção de commodities - como soja e milho voltados à exportação, cujo objetivo é alimentar porcos, galinhas e outros animais de criação - em detrimento dos plantios de grãos, legumes, verduras e frutas voltados a alimentação humana. Mesmo com o efeito devastador do avanço das monoculturas (desmatamento, desertificação, expulsão de povos originários e quilombolas de seus territórios, uso massivo de agrotóxicos, uso desmedido dos lençóis freáticos para irrigação, entre outros), isso não importa para o mercado financeiro, que comemora as 'safras recorde' de soja enquanto ignora os 33 milhões de famintos no Brasil. Como o mercado financeiro molda o sistema alimentar atual? Qual a participação dele na desigualdade social e no caos climático? É sobre isso meu papo com João Paulo Pacífico, CEO de Investimentos de Impacto do Grupo Gaia. João Paulo atua exclusivamente com investimentos de impacto socioambiental e realizou operações financeiras inovadoras, como o investimento em Cooperativas MST. Também é Cofundador da Gaia+, ONG de educação socioemocional que atua com professores e alunos de todo o país, Conselheiro do Greenpeace Brasil e autor dos livros Onda Azul e Seja Líder como o Mundo Precisa. Support the show

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#127 Você sabe mesmo o que tem no seu vinho?

4/28/2023
Há tempos queria fazer um episódio do @vaisefood sobre as mentiras que nos contam sobre o vinho, a tal bebida dos deuses: é saudável, faz bem pro coração, carrega todo o terroir de onde veio, blá-blá-blá. Só “esquecem” de dizer COMO a maior parte dos vinhos industriais é produzido, desde o campo até a garrafa. “Esquecem” porque o negócio não tem NADA de sublime. São centenas de pesticidas, acaricidas, fungicidas e herbicidas autorizados no cultivo da uva - e não só no Brasil, não. Na vinificação, a lei brasileira permite usar albumina de ovo, leite desnatado, gelatina e até bexiga natatória de peixe pro vinho ficar “limpo” e transparente. Detalhe: NADA disso precisa vir descrito na lista de ingredientes. * Para acessar o documento do MAPA sobre aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, clique aqui * Para acessar o documento da EMBRAPA Agrotóxicos registrados para a cultura da Videira - Safra 2021/22, clique aqui Support the show

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#126 O que é café especial?, com Isabela Raposeiras

4/20/2023
O Brasil é o maior produtor de café do planeta - seguido por Vietnã, Colômbia, Indonésia e Etiópia - mas isso não significa que a bebida que tomamos seja de boa qualidade. Na verdade, grande parte do café vendido no país é de qualidade, no mínimo, questionável. Por séculos, o Brasil exportou seus melhores grãos e deixou por aqui o que "sobrava". Com isso, nosso paladar se acostumou a um café feito com grãos ruins, torrado excessivamente (para homogeneizar o sabor) e vendido, em sua maioria, já moído, o que impede o consumidor de saber exatamente o que existe ali. Exemplo? A lei da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que regula sujidades toleradas em alimentos, permite que cada 25 gramas de café torrado e moído possa conter até 60 fragmentos de insetos e que até 1% do volume do pacote seja "casca, pau e detritos provenientes do cafeeiro"; tem produtor que aproveita para elevar esse índice para até 3% e dar uma 'reforçada' com milho, cevada, triguilho, açúcar mascavo e soja. Esse cenário começou a mudar há cerca de 20 anos, quando surgiu por aqui o conceito de "café especial". O café especial tem valores de saca bem maiores do que os do café commodity, é sensorialmente muito mais complexo, tem cadeia de produção rastreável e segue parâmetros sócio-ambientais (nada de trabalho análogo a escravidão, uso intensivo de agrotóxicos ou desmatamento). Com a valorização desse produto tão importante - Segundo a Organização Mundial do Comércio, o café é a segunda mercadoria mais valiosa exportada pelos países em desenvolvimento, depois do petróleo -houve um boom de boas cafeterias e torrefadores pelo país, centenas de lojas online especializadas em cafés especiais surgiram e a valorização dos produtores de grãos de excelência veio para ficar. Para aprendermos mais sobre o que separa um café padrão de um especial, minha convidada é um ícone do setor, Isabela Raposeiras. Barista, mestre de torra e proprietária do Coffee Lab (cafeteria multipremiada e a maior escola de baristas do mundo), em São Paulo, Isabela foi pioneira ao pagar o valor merecido (até cinco vezes mais que a média) aos produtores de cafés de qualidade e criou métodos de torra adaptados aos cafés especiais que garimpava pelo Brasil. Foi ela também quem, pela primeira vez, colocou os produtores como protagonistas, estampando nas embalagens seus nomes, a variedade de café e o tipo de torra. Support the show

Duration:00:50:52

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#125 Cultura Alimentar Indígena, com Deborah Martins

4/6/2023
Apiaká, Baniwa, Guajajara, Jiripancó, Krenak, Miranha, Kanindé, Pataxó, Xukuru, Yanomami: esses são apenas alguns dos 266 povos indígenas que vivem hoje no Brasil (Fonte: Instituto Socioambiental), em um território de mais de oito milhões de quilômetros quadrados. Portanto, falar de cultura alimentar indígena significa falar de pluralidade de rios, mares, chapadas, florestas, caças, peixes, tubérculos, frutas, raízes… Significa falar de milhares de anos de tradição, de aprendizado, de relação equilibrada com a natureza, de saberes ancestrais. Se você aprendeu que a "comida básica de índio" era a mandioca, bom, taí um erro comum: apesar de mandioca e seus derivados serem a base da alimentação de diversos povos da Amazônia - e com eles, os povos não-indígenas terem aprendido a comer farinha, a usar tucupi e a preparar tapioca -, há povos em outras partes do Brasil que tinham sua principal fonte alimentar no milho e na batata-doce, por exemplo. Fato: sabemos pouco demais sobre os povos originários do Brasil e sua relação com o alimento e, como colonizados, damos muito mais crédito aos imigrantes europeus e japoneses pela construção do que chamamos hoje de culinária brasileira do que aos africanos escravizados e aos indígenas, as bases da nossa cultura alimentar. Indígenas sabem plantar ou são só coletores-caçadores? Produzem alguma coisa? Para abordar esses e outros temas, minha convidada é Deborah Martins. Inndígena do povo Pataxó, Deborah é chef de cozinha, formada em Direito, graduanda em Gastronomia, ativista pela soberania alimentar dos povos indígenas, pelo Direito Humano à Alimentação Adequada e por uma gastronomia política. Support the show

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