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Convidado - A viagem rumo ao oeste de Babetida Sadjo

RFI

De segunda a sexta-feira (ou, quando a actualidade o justifica, mesmo ao fim de semana), sob forma de entrevista, analisamos um dos temas em destaque na actualidade.

Location:

Paris, France

Genres:

Podcasts

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RFI

Description:

De segunda a sexta-feira (ou, quando a actualidade o justifica, mesmo ao fim de semana), sob forma de entrevista, analisamos um dos temas em destaque na actualidade.

Language:

Portuguese


Episodes

PAIGC "vai precisar" do PRS para reformar a Guiné-Bissau

6/9/2023
Mesmo com uma maioria absoluta conseguida nas eleições legislativas de 4 de Junho, a coligação PAI – Terra Ranka poderá escolher coligar-se com o Partido de Renovação Social (PRS) de forma a dar estabilidade ao seu mandato, numa altura em que o país vai precisar de reformar a Constituição, mas também a lei eleitoral, como disse Seco Duarte Nhaga, coordenador-geral da Coligação de Jovens dos PALOPS. Foram conhecidos na quinta-feira os resultados das eleições legislativas na Guiné-Bissau, com a coligação PAI – Terra Ranka a ganhar com maioria absoluta, obtendo 54 dos 102 ligares do Parlamento. Estes resultados indicam ainda que o Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15), liderado por Braima Camará, obteve 29 deputados na Assembleia e o PRS conseguiu 12 deputados. Para já, partidos e o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, aceitaram este resultado e felicitaram o cabeça de lista, Domingos Simões Pereira, esperando-se agora que este venha a formar Governo. De forma a fortalecer o seu mandato, Seco Duarte Nhaga, coordenador-geral da Coligação de Jovens dos PALOPS, disse em entrevista à RFI que a coligação PAI – Terra Ranka devia alargar o entendimento ao PRS. "Durante toda a campanha eleitoral, pelo discurso, parece que o PRS e o PAIGC assinaram um pacto de não-agressão. Foi aquilo que se verificou ao longo da campanha e eu acho que o discurso do PAIGC e do PRS parecem andar de mãos-dadas porque, de facto, o PAIGC vai precisar do PRS para dar início às reformas legais no país. Desde a Constituição da República, da própria lei eleitoral e aproveitar este contexto em que tem maioria absoluta com uma aliança com o PRS", disse Seco Duarte Nhaga falando numa "grande coligação". É esta coligação que vai permitir, segundo este jovem analista, "dar resposta às necessidades de reestruturação da administração pública para o país poder sacudir esta situação em que se encontra". O resultado nas urnas, com uma participação dos guineenses que se estima acima dos 70%, é para Seco Duarte Nhaga uma resposta à governação dos últimos anos na Guiné-Bissau. "O que nós assitimos ao longo destes três anos foi uma desintegração do Estado por completo, já que se verificou um recuo efectivo no tocante ao processo de edificação da democracia na Guiné-Bissau. Nós vimos todos os direitos dos cidadãos limitados, espancamentos, rádios que foram encerradas, vimos partidos políticos, especiaficamente o PAIGC que foi impedido de realizar o seu congresso com violência policial. Assitimos a abusos de poder, e quase um monopólio de poder centralizado na pessoa de Umaro Sissoco Embaló. O governo servia de simples estrutura comandada pelo Presidente da República", indicou. Para Seco Duarte Nhaga o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, está a preparar uma "nova jogada política" ao dizer quer colaborar com o novo Governo. "A sua repentina abertura para a colaboração com o Governo liderado pelo PAIGC, na minha leitura, acho que o Presidente da República talvez esteja a arquitectar uma nova jogada política, é impensável", indicou. Para o futuro do país, há que dar atenção à comercialização da castanha de caju e melhorar o poder de compra dos guineenses, que têm sofrido os efeitos da inflação. "O próximo executivo tem responsabilidade de dar respostas às questões prementes como resolver a questão da campanha de comercialização da castanha de caju. A nossa economia depeonde a mais de 90% da comercializaçao da castanha de caju. Outro problema é a subida de preços de produtos de primeira necessidade. Hoje o cidadão guineense que tem uma salário mínimo de 50 mil francos CFA, aproximadamente 80 euros, o cidadão guineense hoje compra um saco de arroz de 50 kg a 22 ou 23 mil francos, portanto não há bolso do guineense que sustente esta subida de preços", concluiu.

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Saviano Abreu: «As inundações pioraram a situação na Ucrânia, mas a ONU está a apoiar os deslocados»

6/8/2023
A guerra na Ucrânia entrou numa nova fase com a destruição de uma barragem que acabou por inundar uma boa parte do sul do país. Em Kakhovka, onde estava a barragem, o nível das águas subiu dez metros, enquanto em Kherson, a mais de meia centena de quilómetros, a subida foi de 3,5 metros. As inundações fazem com que casas estejam completamente submersas. Uma catástrofe em que os Governos de Kiev e de Moscovo se culpam mutuamente. A Ucrânia afirma que a Rússia cometeu um crime de guerra, isto enquanto o Kremlin diz que esta foi a maneira encontrada pelo inimigo de desviar as atenções da contra-ofensiva nas linhas da frente. Contra-ofensiva ucraniana: os russos dizem ter controlado os primeiros ataques. Nas zonas das inundações, milhares de pessoas foram deslocadas para áreas seguras. Recorde-se que a barragem se encontrava numa zona actualmente ocupada por Moscovo, na margem esquerda do rio Dnipro, no entanto as forças ucranianas controlam a parte situada na margem direita. Para além das inundações, a outra preocupação é a central nuclear de Zaporijjia, que depende da barragem para o arrefecimento dos reactores. Um perigo que não é iminente, visto que uma reserva de água pode satisfazer esta necessidade. Em entrevista à RFI, Saviano Abreu, porta-voz do OCHA - Gabinete humanitário da ONU - em Kiev na Ucrânia, abordou a situação nas zonas inundadas, em que o trabalho desenvolvido pela organização no domínio humanitário aumentou drasticamente, mas também nos explicou como estão as relações entre a ONU, o Governo ucraniano e as autoridades russas. De notar, no que diz respeito às mediações em curso, que uma missão de paz a ser conduzida por 6 líderes africanos deverá realizar-se durante o mês de Junho. O Presidente sul africano Cyril Ramaphosa assegurou que Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky "concordaram em receber a missão e os chefes de Estado africanos em Moscovo e Kiev".

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Guiné-Bissau: “A publicação rápida dos resultados permitiria a diminuição da tensão”

6/6/2023
A Célula de Monitorização Eleitoral das eleições legislativas na Guiné-Bissau apresentou esta segunda-feira o balanço provisório da monitorização eleitoral da sociedade civil. O porta-voz da plataforma, Miguel de Barros, acrescentou como prioridade “a reforma da lei das sondagens”, uma vez que “a publicação rápida dos resultados permitiria a diminuição da tensão” A Célula de Monitorização Eleitoral das eleições legislativas na Guiné-Bissau apresentou esta segunda-feira o balanço provisório da monitorização eleitoral da sociedade civil. A apresentação da declaração preliminar ficou a cargo de Silvina Tavares, da Plataforma Política das Mulheres da Guiné-Bissau que apelou uma “atitude cívica de respeito pela lei” a todos os actores do processo. Por seu lado, o porta-voz da plataforma, Miguel de Barros, fez um balanço “extremamente positivo” do trabalho de monitorização e acrescentou como prioridade “a reforma da lei das sondagens”, uma vez que “a publicação rápida dos resultados permitiria a diminuição da tensão” A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau anunciou a divulgação dos resultados eleitorais “a partir de quarta-feira”. Numa primeira reacção após o encerramento das urnas, a Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau pediu “sentido de responsabilidade” aos partidos e apelou à calma, serenidade e vigilância da população até à divulgação dos resultados eleitorais, previstos “a partir de quarta-feira”. Mais de 900 mil guineenses, em território nacional e na diáspora, foram chamados às urnas, no domingo, para escolherem os deputados da Assembleia Nacional Popular e o novo governo do país. Duas coligações e 20 partidos políticos participaram nestas sétimas eleições legislativas.

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Guiné-Bissau conta os votos das legislativas

6/5/2023
Às 17h00 locais em ponto, as duas mesas de voto, na Praça Jardim Titina Sila, em Bissau encerraram. Sob o olhar atento dos elementos da mesa, ficais de partidos e observadores o presidente da começa começou a contar os votos. Confira aqui a reportagem. Primeiro sem os abrir, para confirmar que o número de boletins correspondia ao número de eleitores descarregados dos cadernos eleitorais. Depois nova contagem, e ai para nos dar conta da escolha dos eleitores. À medida que o tempo passava, nas locais juntavam-se cada vez mais pessoas à espera do anúncio final. Na Assembleia de Voto da Praça Jardim Titina Sila, a assistir à contagem estavam os observadores da União Africana. Depois de contados os votos, verificados e afixados os resultados eleitorais, o chefe da Missão Eleitoral, o ex-presidente Moçambicano Joaquim Chissano fez um relato do que viu ao longo de todo o dia de votação. Um balanço mais que positivo nas palavras de Joaquim Chissano, que aproveitou o momento para apelar, mais uma vez, para que as eleições sejam pacíficas também depois do acto eleitoral. Nos arredores de Bissau no bairro de Quelelé, na Unidade Escolar Dr. José Ramos-Horta, a assistir ao processo de contagem dos votos esteve o chefe da missão de observação eleitoral da CEDEAO, Jorge Carlos Fonseca. O ex-presidente cabo-verdiano sublinhou o ambiente de tranquilidade e civismo do processo além da elevada participação eleitoral. Numa primeira reacção após o encerramento das urnas, a Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau pediu “sentido de responsabilidade” aos partidos e apelou à calma, serenidade e vigilância da população até à divulgação dos resultados eleitorais, previstos “a partir de quarta-feira”. Mais de 900 mil guineenses, em território nacional e na diáspora, foram chamados às urnas, este domingo, para escolherem os deputados da Assembleia Nacional Popular e o novo governo do país. Duas coligações e 20 partidos políticos participaram nestas sétimas eleições legislativas.

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Guiné-Bissau prepara Bienal de Cultura 2025

6/3/2023
Terminou esta semana a MoAC Biss, Mostra de Arte e Cultura da Guiné-Bissau. Um mês inteiro de conferências, lançamento de livros, palestras, exposições de fotografias, filmes, actuações musicais... Uma panóplia de acontecimentos coordenados por Miguel de Barros e com a curadoria de Nú Barreto, Zaida Pereira e António Spencer Embaló. O Fecho da Mostra de Arte e Cultura da Guiné-Bissau serviu igualmente para anunciar o lançamento, em Setembro, da Bienal de Cultura da Guiné-Bissau para 2025.

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Guiné-Bissau: “Sociedade machista” afasta mulheres da política

6/1/2023
Apesar de representarem a maior parte da população e a maior parte dos eleitores, as mulheres guineenses continuam sub-representadas na política do país, quer como candidatas, quer em postos de governação. Isabel Almeida, da ong Miguilan, denuncia “um grande retrocesso em relação a eleições anteriores”. Apesar de representarem a maior parte da população e a maior parte dos eleitores, as mulheres guineenses continuam sub-representadas na política do país, quer como candidatas, quer em postos de governação. Isabel Almeida, da ong Miguilan, denuncia “um grande retrocesso em relação a eleições anteriores” e justifica, com uma “sociedade machista” repleta de “resistências a colocar a mulher num lugar que lhe é devido”. Além disso, as “muitas insuficiências” da lei da paridade acabam por facilitar o seu incumprimento. No próximo domingo, mais de 900 mil guineenses, em território nacional e na diáspora, são chamados às urnas para escolherem os rostos que vão ocupar os 102 assentos da Assembleia Nacional Popular. Duas coligações e 20 partidos políticos participam nas sétimas eleições legislativas da Guiné-Bissau. De acordo com os dados definitivos do recenseamento eleitoral fornecido pelo Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral, no país, foram recenseados 893.618 eleitores, destes 54% são mulheres. Apesar de representarem a maior parte da população e a maior parte dos eleitores, as mulheres guineenses continuam sub-representadas na política do país, quer como candidatas, quer em postos de governação. Em Agosto de 2018, o parlamento da Guiné-Bissau aprovou a lei da paridade, que fixa uma quota mínima de 36% de mulheres nas listas de candidaturas para cargos electivos. Quase cinco anos depois, para as legislativas de 4 de Junho, a representatividade feminina nas listas eleitorais fica aquém do estabelecido na lei e apenas uma mulher lidera uma das 22 listas na corrida eleitoral. Isabel Almeida, da ong Miguilan, denuncia “um grande retrocesso em relação aos avanços que tinham sido conseguidos nas eleições anteriores” e sublinha que esta ausência de mulheres se justifica, à semelhança de outros países, com a “sociedade machista” repleta de “resistências a colocar a mulher num lugar que lhe é devido”. Além disso, as “muitas insuficiências” da lei da paridade acabam por facilitar o seu incumprimento. É preciso muito trabalho ainda para informar, sensibilizar e compreender a necessidade de realmente se respeitar e promover a participação e os direitos cívicos das mulheres. Neste cenário de ausência de mulheres na política, a sociedade civil assume um papel de capital importância para fazer “a pressão necessária para progressivamente mudar o panorama.” Questionada sobre um possível desinteresse das mulheres na vida política do país, Isabel Almeida rejeita esse cenário e evidencia a existência de condições objectivas para que as mulheres não possam ocupar esses lugares: “Estamos a falar das principais responsáveis pela sobrevivência da família, pelo cuidado com as crianças, com as pessoas doentes, cuidado com as pessoas idosas... As mulheres estão muito sobrecarregadas e, muitas vezes, não têm esse tempo útil para poderem preencher o espaço político. Por outro lado, a própria forma de se fazer política é muito agressiva. Eu costumo dizer que a política é campo de terror para as mulheres.” A contribuir para esta situação está, entre outras, a baixa literacia das mulheres, sobretudo no meio rural. Por isso mesmo, para inverter a situação a coordenadora das ong Miguilan acredita que o empoderamento feminino passa “pela educação das camadas mais jovens, não só pelo acesso à escola das meninas, mas também pelo reforço de capacidade em termos de liderança e autonomia económica”.

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Guiné-Bissau: Falta de diversificação da economia na base da crise da castanha de caju

6/1/2023
Em 2022, a taxa de pobreza registada na Guiné-Bissau foi de 22%. O crescimento ficou-se pelos 3,5% e a taxa de inflação em 7,6%. As previsões para 2023 indicam um cenário mais animador. José Nico Dju, economista guineense, sublinha que é necessário que o Estado “crie condições” para dissipar a dependência económica do país da castanha de caju. Em 2022, a taxa de pobreza registada na Guiné-Bissau foi de 22%. O crescimento ficou-se pelos 3,5% e a taxa de inflação em 7,6%. As previsões para 2023 indicam um cenário mais animador, com a economia do país a crescer 4,5% a 5% este ano e no próximo e a inflação a situar-se entre os 5% e os 3% em 2023 e 2024. José Nico Dju, economista guineense ligado à Universidade de Colinas de Boé, sublinha que a economia guineense tem sofrido “transformações, passou de uma economia centralizada, transformou-se numa economia mista e, actualmente, está a utilizar a economia de mercado. Facto que está a pedir muitas exigências para o funcionamento dos três sectores de actividades económicas”. Todavia, ressalva que “só está disponível o terceiro sector” e que “as pessoas ainda não compreendem que estamos na era forte do sector privado.” Prova disso, é o facto do sector público ser o maior empregador do país, “o que faz com que todos queiram ser empregados do governo.” Este peso no aparelho do estado acaba por representar uma dificuldade “na dinâmica económica quando se trata do crescimento económico. Portanto, é preciso que as pessoas percebam e a parte governamental crie condições que promovam a criação de instituições privadas empreendedoras para descongestionar, em termos do mercado de trabalho, as obrigações do governo." A este panorama, acrescenta-se na opinião do economista, a não existência de “instituições de microcrédito para financiar as iniciativas jovens, financiar as iniciativas de mulheres que geram actividade económica no âmbito da informalidade.” Crítico da falta de diversificação da economia da Guiné-Bissau, José Nico Dju Só lembra que os problemas associados à comercialização da castanha de caju não são de hoje. “Para que haja uma dinâmica económica é preciso que haja diversidade das actividades agrícolas, sobretudo suportado por parte do sector primário.” É necessário, sublinha, “o Estado crie condições para dispersar essa dependência e para que operadores económicos da agricultura possam diversificar as actividades agrícolas para suportar actividades económicas no país.” Questionado sobre a contracção de um empréstimo, por parte do executivo, para financiar as eleições legislativas, José Nico Dju é peremptório: “A contracção de dívidas públicas, quando se trata do mercado financeiro que envolve a FMI e Banco Mundial, precisava de ter uma autorização na Assembleia Nacional Popular, porque trata-se de uma dívida pública e permitir que as pessoas saibam sobre a taxa de juros que se aplica neste mercado financeiro. Quando se fala numa dívida pública significa que o país está a entrar no mercado financeiro. Isso não é gratuito, nem uma doação. É uma dívida que o país vai pagar daqui a 30, 40 ou 50 anos. (...) Portanto, coloca o país numa situação muito controversa. É preciso que a população guineense tenha uma opinião sobre a dívida que está a ser contraída. Qual seria a taxa de juros a ser aplicada no mercado financeiro e analisar se a população concorda com isso ou não.”

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Guiné-Bissau: Mobilização de meios de campanha contrasta com realidade do país

5/31/2023
Pouco mais de 900 mil guineenses, no país e na diáspora, escolhem no próximo domingo os deputados que vão ocupar os 102 assentos da Assembleia Nacional Popular. Rui Jorge Semedo, analista político sublinha que, até ao momento, o ambiente de campanha é “globalmente positivo”, onde os prognósticos de discursos “violentos” e apelo à fragmentação étnico-religiosa acabaram por não se verificar. Recta final da campanha eleitoral na Guiné-Bissau tendo em vista as eleições legislativas do próximo dia 4 de Junho. Na corrida estão duas coligações e 20 partidos políticos. Pouco mais de 900 mil guineenses, no país e na diáspora, escolhem no próximo domingo os deputados que vão ocupar os 102 assentos da Assembleia Nacional Popular. Rui Jorge Semedo, analista político e investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau sublinha que, até ao momento, o ambiente de campanha é “globalmente positivo”, onde os prognósticos de discursos “violentos” e apelo à fragmentação étnico-religiosa acabaram por não se verificar. Porém, diz o analista que há uma “mobilização espantosa de meios” por parte dos partidos políticos, com recurso inclusive a “viaturas novas”, “que ninguém sabe a proveniência”. O investigador sublinha que “durante a governação, os governos não conseguem mobilizar recursos para investir em hospitais, educação ou habitação”, por isso mesmo, “é assustador ver, durante o período da campanha eleitoral, os partidos com esta capacidade impressionante de mobilizar recursos para poder investir nas campanhas”. E alerta para o facto de não existir uma política de transparência no que toca ao financiamento das campanhas eleitorais. Questionado sobre as propostas concretas dos partidos e coligações, Rui Jorge Semedo é peremptório ao afirmar que os candidatos têm abordado as questões chave de “forma muito superficial”, “porque não conseguem mostrar como vão personalizar, implementar” essas políticas. A propósito da transparência do sufrágio, o investigador do INEP afirma que “o facto de a CNE não ter legitimidade para comandar o processo é já um elemento extremamente importante para dar azo ao questionamento no período pós-eleitoral". Por outro lado, “a constante intervenção do Presidente da República no debate político não credibiliza o processo”. Rui Jorge Semedo acrescenta que “foi inadequado e inoportuno” quando Umaro Sissoco Embaló disse publicamente que não nomearia Domingos Simões Pereira, cabeça-de-lista do PAI-Terra Ranka, para o posto de primeiro-ministro: “para mim isso constitui uma ameaça aos eleitores e também ao grupo político. É muito perigoso e aponta que no período pós-eleitoral, o país poderá vir a se confrontar com uma crise”.

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Guiné-Bissau: Jovens querem "que a política seja o caminho para o desenvolvimento”

5/29/2023
Nas eleições legislativas do próximo dia 4 de Junho, os jovens guineenses têm um papel fundamental. Representam a maioria dos eleitores. Portanto, são eles que vão ditar quem se vai sentar na cadeira de deputado na próxima legislatura. Abdulai Djaura, presidente da Rede Nacional de Associações Juvenis da Guiné-Bissau (Renaj), sublinha a participação massiva da camada jovem neste processo eleitoral. Nas eleições legislativas do próximo dia 4 de Junho, os jovens guineenses têm um papel fundamental. Representam a maioria dos eleitores. Portanto, são eles que vão ditar quem se vai sentar na cadeira de deputado na próxima legislatura. Abdulai Djaura, presidente da Rede Nacional de Associações Juvenis da Guiné-Bissau (Renaj), ao microfone da RFI confirmou o envolvimento dos jovens no próximo sufrágio: Realmente há uma participação massiva dos jovens quer nas formações políticas, quer como nós constatamos durante o período de recenseamento eleitoral. Isso demonstra que os jovens terão também uma participação massiva no dia da votação. Seremos nós a determinar os deputados na Assembleia Nacional Popular e, quando é assim, nós estamos convictos de que as escolhas e a participação da juventude nessas eleições serão benéficas para o país. Questionado sobre se os jovens participam na política por vocação, por responsabilidade ou porque vêem nos partidos políticos e na política uma forma de perspectiva de futuro, Abdulai Djaura responde que há jovens que participam por vocação e outros a pensar na garantia de um futuro mais estável. Por um lado, realmente, há jovens que participam política porque têm a convicção de que as suas participações na política podem trazer algo importante para o país. Eles querem dar os seus contributos para o desenvolvimento do país, portanto escolhem os partidos políticos como o caminho para que possam efectivamente dar essas contribuições. Mas, por outro lado, também há uma certa resistência em relação à participação de alguns jovens na política. Vamos ser claros, muitos participam na política não por escolha ideológica, mas porque é na política que se calhar podem garantir um futuro melhor. E é essa forma de ingresso na política que nós não queremos. Queremos realmente que a política seja o caminho para o desenvolvimento do país. Entretanto, a Rede Nacional de Associações Juvenis da Guiné-Bissau está a desenvolver, neste momento, uma campanha de educação cívica que tem como lema “Zero discurso de violência verbal e de divisão étnica nas eleições", apelando à contenção e civismo de todos os intervenientes neste processo.

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"Nome", cinema da Guiné-Bissau, em encerramento da mostra ACID de Cannes

5/26/2023
"Nome", a mais nova longa metragem do guineense Sana Na N'Hada, estreou em Cannes no encerramento da mostra ACID, consagrada ao cinema independente. O realizador misturou os seus arquivos da luta de libertação com uma ficção cuja intriga decorre desde os finais dos anos 60 até aos primeiros anos da independência, proclamada em 1973 e reconhecida no ano seguinte pela ex potência colonial, Portugal. "Nome", é assim que se chama, também, o protagonista do filme. Ele acaba, em 1969, por se juntar ao PAIGC, Partido africano para a independência da Guiné e Cabo Verde. Dos ideais da luta contra o exército colonial português sucede-se a ganância do protagonista, nos primórdios da independência. Um filme que causou sensação na sua estreia em Cannes e que, com a mostra ACID, tem a garantia de ser projectado numa série de cidades europeias, em França, em Portugal, na Sérvia, por exemplo. O realizador, que trabalhou com João Ribeiro, na fotografia, e Remna Schwarz, na música, garante que estão também a ser envidados esforços para permitir a estreia da longa metragem na capital guineense.

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Cabo Verde com curta metragem na programação no Festival de Cannes

5/26/2023
Patrícia Silva realizou "Mãe pretinha", curta metragem cabo-verdiana programada no "Short film corner" do Festival de cinema de Cannes. A também socióloga ligada ao teatro, oriunda da ilha de São Vicente, veio, pela primeira vez a este certame e partilhou as suas impressões sobre a experiência.

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Guiné-Bissau: Revisão Constitucional é prioridade do PRS

5/26/2023
O PRS foi a terceira força política mais votada nas legislativas de Março de 2019, com 21 assentos parlamentares e, neste momento, tem quadros do partido no arco da governação na Guiné-Bissau. Às eleições de 4 de Junho, Florentino Mendes Pereira é o cabeça-de-lista do PRS. No âmbito das eleições legislativas na Guiné-Bissau, previstas para 04 de Junho, a RFI entrevista os partidos com assento parlamentar que concorrem a este sufrágio. O PRS foi a terceira força política mais votada nas legislativas de Março de 2019, com 21 assentos parlamentares e, neste momento, tem quadros do partido no arco da governação na Guiné-Bissau. Às eleições de 4 de Junho, Florentino Mendes Pereira é o cabeça-de-lista do PRS. Quais são as prioridades do seu programa de campanha? “Nós elegemos como primeira prioridade a consolidação da paz, a estabilidade, a consolidação do estado de direito democrático e a realização de algumas reformas profundas. No que concerne às reformas, pensamos em fazer reformas no sistema político, rever a nossa Constituição, que está ultrapassada no tempo. Portanto, é preciso rever a Constituição.” Essa revisão da Constituição é para definir, deixar mais claro, qual é o papel do chefe de Estado e qual é o papel do chefe do Governo? “Não é só o papel do chefe de Estado, mas é definir o sistema: se vamos optar claramente por um sistema presidencialista ou semi-presidencialista ou qualquer outra forma, mas que fique claro na Constituição. Não podemos continuar com esta Constituição ambígua, que acaba por ser fonte de problemas. Naturalmente, a revisão constitucional requer dois terços de deputados que compõem a Assembleia. Não é fácil. Por isso, temos que dialogar com todas as forças vivas da nação.” Os números em relação à Guiné-Bissau no que respeita à educação, são graves. 46% da população é analfabeta. 24% das meninas em idade escolar não vão à escola. 44% das crianças - raparigas e rapazes - em idade escolar não vão à escola. As greves no sector são recorrentes. Como é que se pode reverter esta radiografia? “Esta questão faz parte da nossa prioridade, nós intitulamos isso de capital humano. Portanto, a nossa preocupação, nesta perspectiva, vai para os sectores da educação, da saúde e da protecção social na Guiné-Bissau. É verdade, as estatísticas que acabou de avançar são factos. Isto demonstra claramente que há um trabalho profundo a ser feito. Não podemos estar no século XXI e ter 46% da população analfabeta.” Sendo que as mais prejudicadas são as meninas e as mulheres. A grande franja dos eleitores no próximo dia 4 de Junho, são mulheres. “Nós preconizamos um capítulo especial no nosso programa, só para a juventude e mulheres. Temos consciência clara dos sacrifícios que estes dois componentes da nossa sociedade sofrem. Devemos continuar a política que iniciámos em 2000: criar estímulos para as meninas irem à escola. Por exemplo, em 2000, 2001 não havia sistema de cantinas escolares. Depois que começamos a dar comida nas cantinas escolares, o número de miúdas aumentou. Também há problemas ligados à tradição e há muitos factores que estão à volta disso. São questões que nós vamos tentar ultrapassar para motivar o acesso das meninas à escola.” Outro sector chave para a Guiné-Bissau é a Defesa e Segurança. O que é que o PRS se propõe a fazer neste campo? “Entre várias reformas que vamos fazer, vamos fazer a reforma no sector da Defesa e Segurança, é preciso reformar este sector. Vamos continuar a trabalhar para que as nossas Forças Armadas sejam, de facto, Forças Armadas republicanas. No domínio da segurança também vamos continuar a trabalhar para garantir a segurança da nossa população em geral.” 80% da população guineense depende da castanha de caju. Qual é a solução que o PRS tem para a crise que atravessa a castanha de caju? “Nós enquadramos essa questão no âmbito do nosso segundo objectivo que é o crescimento económico. O que nós queremos é fazer parte de países de crescimento médio. A nossa...

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Guiné-Bissau: "Educação e saúde são prioridades do PND"

5/25/2023
Abás Djaló é o cabeça de lista do PND, Partido da Nova Democracia, às eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 4 de Junho. É o único deputado do partido com representação na Assembleia Nacional Popular e, neste momento, exerce o cargo de Ministro do Comércio. No âmbito das eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 04 de Junho, a RFI entrevista os partidos com assento parlamentar que concorrem a este sufrágio. Abás Djaló é o cabeça de lista do PND, Partido da Nova Democracia, às eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 4 de Junho. É o único deputado do partido com representação na Assembleia Nacional Popular e, neste momento, exerce o cargo de Ministro do Comércio. Quais são as prioridades do seu programa de campanha? “O PND é um partido liberal, um partido que aposta na liberdade dos cidadãos. O nosso programa eleitoral vai incidir em projectos concretos que temos para oferecer à sociedade. Queremos ser uma alternativa política para Guiné-Bissau. Desde a sua independência continua a enfrentar grandes dificuldades em todos os sectores da vida social, no domínio da saúde e da educação e das infra-estruturas de base para sustentar o desenvolvimento do país. Nós, quando formos eleitos, vamos apresentar na Assembleia da República propostas concretas para que o país possa sair da situação que se encontra. Nessa eleição optamos por não apresentar candidaturas em todos os círculos eleitorais do país, decidimos fazê-lo em somente oito círculos eleitorais. Círculos eleitorais, que o nosso gabinete de planificação estratégica nos recomendou, por o partido aí se encontrar saudável e muito bem implantado. A nossa prioridade enquanto partido político vai ser a área social, a educação e a saúde, porque nós temos que formar, capacitar a nossa população jovem para podermos enfrentar os desafios do desenvolvimento do nosso país.” Precisamente na área social, os números relativos à Guiné-Bissau, no que diz respeito à Educação são alarmantes: 44% das crianças em idade escolar não vão à escola, sendo as meninas as mais prejudicadas. 46% da população é analfabeta. As greves no sector são recorrentes. Como é que o país pode avançar quando na área da educação os números são tão maus? “Eu fui ministro da Educação, num período não muito longe, num espaço de quatro meses. O que constatei no Ministério da Educação é realmente muito preocupante. Nós temos que inverter a situação, temos que avançar com propostas concretas como a educação inclusiva da nossa população jovem, sobretudo das mulheres, porque as mulheres são a franja da sociedade mais vulnerável e a mais activa da sociedade. Por isso, temos que lutar e criar projectos que possam incluir a classe feminina no programa educativo do país. Se nós formos Governo, se nós formos eleitos, a educação vai ser o pilar da nossa governação.” Uma outra questão também muito importante para a consolidação da democracia guineense prende-se com a Defesa e Segurança. O que é que o seu partido se propõe a fazer neste campo? “É a parte mais preocupante da nossa governação, por isso, nós temos que criar condições básicas para que o país tenha uma segurança muito elevada para os cidadãos. Os cidadãos devem sentir-se seguros no seu país e isso passa, necessariamente, por começarmos a tentar criar programas de formação e capacitação no domínio de Defesa e Segurança para melhor criar condições para que possamos ter elementos, com o nível de formação elevada, para poderem compreender a importância da Defesa e Segurança para o que garante da estabilidade política e social do país.” É ministro do Comércio num Governo de iniciativa presidencial, que é partilhado entre o PND, PRS, APU-PDGB e Madem-G15. 80% da população guineense depende da castanha de caju. Que solução é que o PND tem para a crise do sector? “Temos que necessariamente passar para a política da industrialização do nosso caju. Nós temos que valorizar o nosso caju, temos que inverter essa tendência de continuar...

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PAI-Terra Ranka quer "tirar Guiné-Bissau da pobreza extrema"

5/24/2023
Domingos Simões Pereira é o líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), o partido mais votado nas legislativas de 2019, mas destituído do poder executivo em Fevereiro de 2020. Às eleições de 4 de Junho, Domingos Simões Pereira é o cabeça-de-lista da coligação PAI-Terra Ranka. No âmbito das eleições legislativas na Guiné-Bissau, marcadas para 04 de Junho, a RFI entrevista os partidos com assento parlamentar que concorrem a este sufrágio. Domingos Simões Pereira é o líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), o partido mais votado nas legislativas de 2019, mas destituído do poder executivo em Fevereiro de 2020. Às eleições de 4 de Junho, Domingos Simões Pereira é o cabeça-de-lista da coligação PAI-Terra Ranka. Quais são as prioridades do seu programa de campanha? “Nós voltamos ao ponto de partida de 2014. Voltamos a ter necessidade de promover a consolidação das instituições democráticas do país. Nós tínhamos identificado fontes de crescimento económico bastante importantes para podermos tirar o país da situação de pobreza extrema. Hoje voltamos a ter essa necessidade e, portanto, faz parte da segunda prioridade do nosso programa. Queremos colocar o factor humano como essencial, no centro de todo o pensamento estratégico, e, portanto, a mulher e o homem guineense deverão encontrar no programa de governação do PAI-Terra Ranka um conjunto de oportunidades da sua promoção. Continuamos a acreditar que a biodiversidade deve ser um factor transversal e decidimos introduzir duas questões bastante concretas que têm a ver com a promoção da mulher e da juventude.” Na educação os números são alarmantes: 24% das meninas em idade escolar não vão à escola. 44% das crianças - rapazes e raparigas - em idade escolar não vão à escola. 46% da população é analfabeta. As greves no sector são recorrentes. Como pode um país avançar se não aposta neste pilar da democracia? “O país não avança. O país regride. Está provado, em todas as situações de maior aperto, em termos económicos, em termos de retrocesso económico, têm uma incidência particularmente forte na camada feminina. São as primeiras que cedem à pressão da família no sentido do abandono da prática escolar. Sempre que investimos, reduzimos assimetrias que vão existindo na nossa sociedade, beneficiámos directa e indirectamente a camada feminina e, por essa via, tocamos as famílias. Têm que se colocar a mulher centro desse pensamento estratégico e é preciso que a redução da pobreza tenha uma visão bastante mais panorâmica daquilo que é a realidade guineense.” O que é que se propõe a fazer no campo da Defesa e Segurança? “A questão da reforma do sector da Defesa e Segurança tem sido tratada em várias legislaturas quase como um clichê. Todos os parceiros internacionais afirmam que é uma prioridade a reforma do sector da Defesa e Segurança. Todos temos consciência que não está bem e que é preciso reformar. Mas não podemos pretender isolar a componente de defesa e segurança do conjunto da sociedade. É dentro da sociedade que nós precisamos reformar esse sector. Nós pensamos que a reforma de Defesa e Segurança significa investir nas pessoas para terem capacidade de enfrentar o mercado de trabalho de outra forma. É preciso reduzir a dependência das pessoas que estão por baixo das entidades, estamos a falar das suas famílias, das mulheres e dos filhos com quem nós devemos quebrar o ciclo da dependência. Devem ter a oportunidade de ir à escola, devem ter uma formação compatível que lhes permita ter um emprego.” 80% da população guineense depende da castanha de caju. Qual é essa solução que o PAI-Terra Ranka tem para a crise que o sector da castanha de caju atravessa? “A mesma solução que já tínhamos apresentado em 2014 e que deu os resultados que toda a população compreende hoje. Todo o governante guineense devia compreender que a castanha de caju tem sido o principal factor de redistribuição da renda nacional. Quando...

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Cinema cabo-verdiano assentou arraiais no Festival de Cannes

5/21/2023
Uma actriz cabo-verdiana, uma realizadora, uma produtora. O cinema cabo-verdiano, no feminino, marca presença nesta edição do Festival de cinema de Cannes de forma inédita. Natasha Craveiro, da produtora Korikaxoru, partilhou com a RFI a sua experiência neste prestigioso certame da sétima arte no sul de França.

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Timor-Leste vai a eleições "com entusiasmo" e exigências por parte dos jovens

5/19/2023
No dia 21 de Maio, um dia depois de celebrar o 21º aniversário da independência do país, Timor-Leste vai a votos para escolher os seus deputados e consequentemente o próximo Governo. Espera-se uma grande afluência às urnas e a continuação do duelo entre Xanana Gusmão e Mari Alkatiri. No Domingo, em Timor, vão decorrer as eleições legislativas com 17 forças partidárias a concorrer e uma grande polarização entre o CNRT, Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor Leste, de Xanana Gusmão e a FRETILIN, Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente, de Mari Alkatiri, com provavelmente nenhuma destas forças a conseguir chegar à maioria absoluta, tendo assim de recorrer aos partidos mais pequenos de forma a constituir governo. "O duelo já começou em 2006, depois da crise política e militar em Timor Leste. Nessa altura nasceu o CNRT, Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor Leste, de Xanana Gusmão que se tornou oposição da FRETILIN, nesse momento começaram a surgir as tensões políticas entre os dois partidos. Os outros partidos pequenos estão ao lado deles para ver se se conseguem coligar já que nenhum dos dois tem força para ganhar a maioria absoluta", disse Eduardo Soares, director do jornal Diligente. Em entrevista à RFI a partir de Díli, Eduardo Soares, director do jornal Diligente, afirmou que os eleitores estão divididos, mas com um grande entusiasmo para participar nas eleições onde pela primeira vez vão votar os jovens nascidos já com Timor-Leste independente. "Quem vota no CNRT está revoltado coma governação do Governo actual e querem protestar. Querem esta rna campanha, fazer campanha. Nas últimas legislativas de cerca de 800 mil eleitores recenseados, votaram mais de 600 mil. Há muita participação política. O povo está muito entusiasmado", declarou o jornalista. Estas eleições são acompanhadas no terreno por mais de 250 observadores internacionais e vão levar às urnas cerca de 895 mil eleitores às urnas, entre eles muitos jovens. A emigração é algo que seduz actualmente os jovens timorenses, com muitos a reivindicarem melhores condições de vida, incluindo saúde e educação, tal como geração de empregos, de forma a construírem as suas vidas em Timor-Leste. "Os jovens aqui querem que os líderes parem de utilizar as histórias do passado para justificar os erros de hoje. Os jovens de hoje querem um emprego, querem que o Governo desenvolva a educação para que eles possam viver. Nos últimos tempos, não havia esta proecupação do Governo então muito jovens querem sair do país para procurar uma boa vida. Muitos ficaram revoltados com os actos dos líderes aqui porque parece que estão numa oposição eterna que nunca defende o interesse comum e criar ocndições para as gerações vindouras", concluiu.

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Angola: "É preciso recolocar as pessoas no centro, através da participação"

5/19/2023
"Em Angola, como noutros lugares onde a guerra civil ou situações de crise social persistem por longos períodos de adversidade e privação, as pessoas não se lamentam nem protestam com a situação de pobreza", escreve a académica angolana, Cesaltina Abreu, no artigo científico "Desigualdade social e pobreza: ontem, hoje e (que) amanhã". Cesaltina Abreu é cientista social em Angola, membro do conselho de política científica da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa. "Hoje, nas universidades, as áreas prioritárias são as aplicadas, as tecnologias e as digitais... porque o resto incomoda", aponta a socióloga e engenheira agrónoma. A académica inúmera algumas dificuldades sentidas no campo das Ciências Sociais e Humanas, que continua a não ser uma prioridade em Angola. "Tirar as pessoas do centro é tirar a criatividade e inovação que cada um de nós tem. Essa criatividade não é possível encontrar através de modelos. É preciso recolocar as pessoas no centro, através da participação, mas essa participação exige tempo e hoje não há tempo", descreve. Uma participação que "incomoda as elites políticas, as elites religiosas, apoiadas pelos silêncios e omissões da sociedade", acrescenta. Cesaltina Abreu sublinha, ainda, a falta de preservação das línguas dos vários grupos étnicos angolanos. "Tudo o que é válido está noutra língua. Este país tem não sei quantas línguas de vários grupos e, ao fim de cinco décadas, Angola ainda não conseguiu adoptar um plurilinguismo, que poderia ter numa primeira fase o bilinguismo o português e a língua local, como língua obrigatória. Mais cedo ou mais tarde isto vai acontecer, mas entretanto já perdemos muito tempo e excluímos muita gente", aponta. Questionada sobre os traumas colectivos em Angola, Cesaltina Abreu acredita existir "uma cultura de medo. Vamos buscar, o tempo todo, fantasmas do passado. No fim da guerra, a 4 de Abril 2002, usa-se o termo paz efectiva, mas a paz não é o fim da guerra, paz é muito mais do que isso. Seria um processo de construção de uma memória social a partir de memórias colectivas. Isso não seria um processo fácil porque iria criar momentos muito difíceis do ponto de vista dos sentimentos, dos traumas, mas a melhor maneira de lidar com os traumas é enfrentá-los e não fazer de conta que eles não existem", prossegue. Cesaltina Abreu lamenta que as promessas do Movimento de Libertação Colonial tenham ficado por cumprir; "nas promessas estava a participação das pessoas, através de referendos, na forma de pensar e de organização política e administrativa. Não me venham dizer que é ocidental, mas os Camarões, Nigéria e África do Sul conseguiram encontrar, ao seu jeito, uma forma de fazer a distribuição e a organização da política e da economia de forma a respeitar as culturas existentes, tão maltratadas no período colonial e entre si".

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Angola: criação da fundação Jonas Savimbi continua em suspenso

5/18/2023
Há um ano, em Angola, a família de Jonas Savimbi, líder histórico da Unita, decidiu avançar com o processo de legalização da fundação com o seu nome. A ser validada, esta entidade que se reivindica como sendo apartidária, pretende focar a sua acção na educação e na cultura. Presentes ontem nos estúdios da RFI, dois dos filhos do antigo líder da Unita morto em combate em 2002, Helena e Durão Savimbi, deram conta do andamento da legalização da fundação que, por enquanto, não conhece evoluções. "Nós os filhos, a família, pensamos em criar a Fundação Jonas Savimbi porque nós queríamos ajudar os angolanos, porque pensamos que uma fundação é sempre uma mais-valia. Há muitas necessidades em Angola ainda hoje, há carências. A nossa finalidade é mesmo no âmbito educativo, cultural e social", começa por explicar Helena Savimbi ao recordar que o pai "além de ser político, pensava em outros sectores, como a educação. Para ele a educação era mesmo primordial. Ele dizia que as crianças são o futuro de uma nação". A ser legalizada, esta entidade que pretende nomeadamente fornecer bolsas de estudo, estabelecer intercâmbios com outros organismos com as mesmas finalidades, impulsionar a divulgação da cultura e das línguas faladas em Angola, deveria ser financiada através do pagamento de cotas. "A fundação vai ser financiada por cotizações. Haverá membros que vão pagar cotas que vão permitir à fundação de existir" refere Durão Savimbi sublinhando que no caso de ser legalizada, esta entidade terá igualmente direito a apoios públicos "por ter um lado social muito forte". O filho de Jonas Savimbi esclarece ainda que "há muitas pessoas que estão interessadas pelo nome de Jonas Savimbi, angolanos e também (pessoas) de fora". Helena e Durão Savimbi vincam igualmente que a ser legalizada, esta fundação será apolítica. "É mesmo um organismo de utilidade pública, mais social, é apartidário, não é para fazer política" sublinha Helena Savimbi. O irmão esclarece por seu lado que "no projecto de estatutos da fundação, está escrito no artigo 4° que a fundação não tem fins políticos, é apartidária e tem que ser assim. Não há fundação nenhuma no mundo que faz política, senão é um partido político". Apesar de terem mantido contactos com o Presidente angolano praticamente na génese do projecto e apesar de ainda na semana passada Isaías Samakuva, antigo líder da Unita, ter também abordado esta questão com João Lourenço, a legalização da Fundação Jonas Savimbi não avança, referem os dois irmãos que todavia dizem acreditar que não existem obstáculos factuais para a legalização ser concretizada. "Estamos à espera, não sabemos, vamos ver os passos a seguir desde essa audiência (de Isaías Samakuva com o Presidente da República). Mas nós esperamos que haverá materialização da legalização da fundação", refere Helena Savimbi. Questionado sobre a hipótese aventada por certos órgãos em Angola de que o processo poderia estar a ser bloqueado pelo Ministério da Justiça, Durão Savimbi diz que isto "não tem nenhuma base", que "deve haver um atraso administrativo qualquer" e que não pensa "que um ministro possa fazer isso, porque não tem razão nenhuma". Em jeito de conclusão, o filho de Jonas Savimbi mostra-se convicto de que a fundação vai acabar por tornar-se uma realidade. "Nós somos positivos. Pensamos que o Presidente da República e que as outras entidades envolvidas no processo vão facilitar a sua criação". Assista aqui à entrevista vídeo:

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Redução de importações e maior produção interna podem travar preços em São Tomé

5/17/2023
Em São Tomé e Príncipe, a escassez de alimentos devido à falta de cobertura cambial para os comerciantes e a inflação que já vai nos 24% têm dificultado a vida das famílias do arquipélago, com alguns produtos como sal ou açúcar a custarem mais 25% a 50% do preço normal. Outros produtos, como farinhas e óleos, podem ser substituídos por produtos locais como disse o economista Arlindo Tavares Pereira em entrevista à RFI. Com as reservas cambiais do Estado a zero, os comerciantes são-tomenses estão a ter dificuldade em comprar produtos importados, levando à escassez de certos bens no país. "Não há leite, não há sal, muitos produtos básicos não existem e os preços são muito elevados. Nós importamos muito de Portugal e os barcos também estão a atrasar o processo. Mas acredito que haverá nos próximos tempos alternativas. o governo está a pensar nisso. O Governo terá de recorrer aos parceiros, nomeadamente Portugal, de forma a facilitar aimportação de bens alimentaires e acredito que o Governo vai analisar quais são os produtos que poderíamos reduzir a importação", explicou o economista são-tomense. Para combater esta realidade que pesa no quotidiano dos são-tomenses, Arlindo Tavares Pereira explicou que uma das medidas para travar o aumento dos preços é substituir alguns dos bens importados por alternativas já existentes na ilha, nomeadamente no que toca a farinhas ou óleos alimentares. "Nós importamos muito trigo, é verdade que nós não podemos produzir trigo em São Tomé, mas podemos reduzir a importação utilizando as farinhas locais para o pão - come-se muito pão em São Tomé e de farinha de trigo importada, mas se usarmos farinha de banana, farinha de matabala, poderíamos reduzir a importação de farinha de trigo. Podíamos também substituir a importação de óleo alimentar por óleo de palma. Esparguete podemos substituir, leite também. Podemos substituir por chá", sugeriu São Tomé e Príncipe. Esta semana devem chegar ao país contentores com produtos que vão aliviar a situação, embora a inflação a mais de 24% continue a ter grande impacto no aumentos dos preços. O economista Arlindo Tavares Pereira espera que o Governo tome medidas para restabelecer a capacidade cambial do arquipélago e que as medidas propostas pelo FMI para fortalecer a economia local sejam aplicadas de forma a melhorar a vida da população.

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"Decepção" na oposição e vitória quase certa para Erdogan após primeira volta das eleições

5/15/2023
Com todos os votos apurados nas eleições presidenciais que decorreram na Turquia no Domingo, os resultados apontam para uma segunda volta no dia 28 de Maio, um resultado histórico no país. Para Dejanirah Couto, especialista do Médio Oriente ligada à Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, esta é “uma vitória cinzenta” de Erdogan, que deverá ser confirmada na segunda volta, sendo necessário do lado da oposição não se desmotivar para a segunda ronda. Segundo os resultados oficiais conhecidos até ao momento, o actual presidente e recandidato, Recep Tayyip Erdoğan, ficou à frente na preferência dos turcos com 49,51% dos votos, seguido de Kemal Kilicdaroglu, pertencente à comunidade muçulmana moderada Alevi e que concentrou os apoios da esquerda e do centro político da Turquia, com 44,88% dos votos. Em entrevista à RFI, Dejanirah Couto explica que este é um resultado que desaponta os dois lados, já que tanto Erdogan como o seu opositor esperavam ganhar logo na primeira volta, evitando assim uma segunda volta, algo que nunca tinha acontecido no país até hoje. "É uma vitória cinzenta na medida em que o partido de Erdogan esperava um enchente. Em todo o caso, não esperavam de maneira nenhuma ter de ir para uma segunda volta. É um vitória amarga, não é uma vitória completa. [...] Na oposição é uma grande decepção. O clima geral na Turquia era de enorme esperança, como não se via em 2017", descreveu a investigadora. Esta professora universitária relata que a oposição na Turquia estava "confiante" e que para 28 de Maio se deve confirmar a reeleição de Erdogan. Kemal Kilicdaroglu deve mobilizar agora os seus apoiantes para tentar evitar mais um mandato de Recep Tayyip Erdoğan. "Do ponto de vista de Erdogan este período intermédio é só para manter a aquisição inicial da primeira volta, não exige o esforço extraordinário da parte dos militantes, em contrapartida, a oposição vai ter que realmente manobrar muito bem e reformular a sua campanha para não recuar ou, pelo menos, tentar que a segunda volta não se passe muito mal. Eu acho que vamos para uma reeleição de Erdogan", declarou Dejanirah Couto. Para esta investigadora, a democracia na Turquia está a funcionar já que numa eleição para 87 milhões de pessoas, não houve grandes incidentes durante o escrutínio, sendo agora necessário manter a mesma tranquilidade na segunda volta das eleições. "Houve todo um trabalho bastante notável [...] Os mecanismos democráticos dentro da Turquia são uma facto, sempre existiram, sempre têm existido e sempre têm resistido à pressão do Governo de Erdogan, especialmente nos últimos anos", concluiu.

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